Memórias & Conexões

Por Jornal Cidade de Agudos em 08/03/2025 às 11:37:13

Outro dia, tomando café, o cheiro do pão quentinho me levou direto para a cozinha da minha avó. Eu estava lá, de pijama, esperando o leite ferver enquanto ela passava manteiga no pão caseiro. Foi um pulo no tempo, desses que a gente não controla. Engraçado como a memória funciona: basta um aroma, uma música ou um objeto fora do lugar para acionar uma avalanche de lembranças. Outro exemplo? Você ouve uma música antiga e, de repente, está de volta ao verão de 2005, sentindo o cheiro de protetor solar e revivendo aquele brilho do mar e sentindo o quentinho da areia sob os pés.

A mente vive fazendo isso, criando conexões inesperadas. Você vê um cachorro na rua e lembra do amigo que não vê há anos porque ele tinha um labrador igualzinho. Liga pra ele. Encontra um bilhete amassado dentro de um livro e, de repente, sua cabeça te leva para aquele dia chuvoso em que você escreveu um poema no guardanapo de um café. No livro O Caminho do Artista, Julia Cameron fala muito sobre isso: alimentar a criatividade é, na verdade, um exercício de associação. Uma ideia leva a outra, que leva a outra, que leva a outra. Quanto mais treinamos esse processo, mais rica se torna nossa imaginação.

E se a gente praticasse esse jogo de associações de propósito? Em vez de apenas deixar a mente divagar, poderíamos provocar essas conexões. Olhar um prédio e pensar numa viagem, ler um livro e conectar com uma ideia para o trabalho, ouvir uma conversa aleatória e tirar dali uma inspiração. No O Caminho do Artista, Cameron sugere práticas como as páginas matinais – escrever sem filtro logo ao acordar – e o encontro com o artista, um momento semanal para abastecer a criatividade com experiências novas. São maneiras simples de criar pontes entre o ordinário e o extraordinário.

No fim das contas, pensar é só uma grande brincadeira de ligar pontos. Quanto mais associações a gente faz, mais colorido o mundo fica. E, no meio disso, acabamos encontrando soluções para problemas, resgatando memórias bonitas e até redescobrindo quem somos. Então, por que não começar agora? Olhe ao redor. O que esse momento te lembra? Boa escrita para todos!

Prazer, sou Vera Lúcia Ravagnani, eu conto histórias e ajudo pessoas a contarem suas próprias histórias em verso ou prosa por meio de cursos de escrita criativa e contoterapia.

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