A MOBILIDADE DA ESTUPIDEZ

Por Jornal Cidade de Agudos em 28/04/2023 às 17:02:32

Não pretendemos fazer aqui um estudo sobre a estupidez humana. Sabemos que ela existe e em quantidade bem maior do que a maioria supõe. Por isso, não podemos nem devemos subestimá-la. Você ou eu tanto podemos ter um ou outro amigo estúpido como podemos fazer parte de uma coletividade autodestrutiva. Não é nada difícil ser sugada por ela. É muito problemático tentar fazer o ser humano entender que certas coisas são diferentes da maneira como as vê.

A história está cheia de exemplos da estupidez. Ninguém escapa dessa força maligna. Países inteiros já foram prisioneiros dela. O Brasil mesmo, se sofrer um levantamento de sua história, a partir do descobrimento até os dias atuais, sem dúvida revelará, com relativa facilidade, centenas de exemplos no nível individual quanto no coletivo. A estupidez não se contenta em ficar quietinha, quer fazer prosélitos, por isso ela é móvel, movimenta-se paradoxalmente com a agilidade que por si mesma não tem.

Consoante já dissemos, a estupidez humana é uma das forças mais importantes da história, porém, com frequência tendemos a desconsiderá-la. A estupidez tem sua preferência por este ou aquele setor, por esta ou aquela ideologia. Ela aparece com frequência em países belicosos, com sede de poder ou, ás vezes, em países mais pobres com líderes geneticamente atacados por alto grau de irracionalidade.

Estudiosos, políticos, generais trataram o mundo como se fosse um grande jogo de xadrez no qual cada movimento deve acompanhar-se de cuidadosos estudos racionais. Isso é válido até certo ponto. Se observarmos corretamente a história vamos descobrir que alguns líderes da história foram sim desvairados, movendo peões e cavalos aleatoriamente, causando catástrofes de terríveis consequências. Acontece que o mundo não é um tabuleiro de xadrez, e a racionalidade humana não é tão excepcional a ponto de entender esse fato. É por isso que líderes nacionais, altamente considerados, muitas vezes escorregam e acabam fazendo coisas muito estúpidas.

Responda com sinceridade: devemos ou não --- levando em consideração a estupidez humana --- esperar por mais uma guerra mundial? O melhor seria evitar medida tão drástica. A guerra não é um fato inevitável. O término pacífico da Guerra Fria provou que quando os humanos deixam de lado a imbecilidade e agem corretamente até mesmo conflitos entre superpotências podem ser resolvidos pacificamente. Por outro lado, nossa ingenuidade, burrice ou estupidez não deve supor que uma nova guerra mundial seja inevitável. Ao pairar no ar informações de uma possível guerra, os países reforçam seus exércitos, embarcam em correntes armamentistas, recusam fazer acordos e suspeitam que armadilhas se escondem atrás de gestos de amizade ou boa vontade. Isso é o gatilho para nova guerra.

Seria ingenuidade ou burrice supor que uma nova guerra jamais ocorrerá. Será catastrófica, contudo, nenhum deus ou nenhuma lei da natureza nos protegerão da estupidez humana. Epíteto já dizia:"É estupidez pedir aos deuses aquilo que se pode conseguir sozinho." Existe remédio para a estupidez? Existe: uma boa dose de humildade. Minha nação, minha religião, minha ideologia não são melhores do que as mais importantes do mundo. Países, culturas, religiões precisam ser mais modestas. Há uma frase de Einstein que deveria ficar gravada na memória:

"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas em relação ao universo não tenho certeza absoluta."

Dra. Maria da Glória De Rosa

Pedagoga, Jornalista, Advogada

Profª. assistente doutora aposentada da UNESP

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