ALGUMAS "BONDADES" DO COMUNISMO

Por Jornal Cidade de Agudos em 07/07/2023 às 16:00:31

Uma advertência faz-se necessária. Este artigo não pretende ser um roteiro histórico. Vamos simplesmente, sem nenhuma pretensão acadêmica, citar alguns procedimentos adotados pelos comunistas, sem nenhum rigor cronológico nem mesmo histórico. Não se trata de nenhum manual, são algumas ideias esparsas que, à medida que foram surgindo, foram sendo anotadas.

Talvez poucos tenham ouvido falar dos kulaks, termo usado para se referir aos camponeses relativamente ricos e poderosos do Império da Rússia que usavam em suas fazendas o trabalho assalariado. Surgiu durante a decomposição do campesinato e foram criados para defender o czarismo. Lutaram contra a Grande Revolução Socialista de Outubro e como classe foram extintos em 1930. Entre prisões, deportações e execuções, fome, os kulaks foram terrivelmente afetados. Calcula-se que a "deskulakizacão" matou muitos kulaks. A ordem do extermínio da classe foi dada por Stalin. Os kulaks foram divididos em três categorias: os presos e executados; os que foram enviados para a Sibéria, Cazaquistão e Urais; os "privilegiados" que não seriam fuzilados, mas expulsos de suas casas e enviados às colônias de trabalho. Isto é apenas um esboço. Na década de 1930, durante a Grande Depressão, os stalinistas enviaram 2 milhões de kulaks, seus camponeses mais ricos para a Sibéria, levando apenas algumas vacas e alguns empregados. Do ponto de vista comunista esses kulaks haviam acumulado riquezas pilhando aqueles a sua volta e mereciam seu destino. Riqueza era sinônimo de opressão e a propriedade privada, de roubo. Era hora de alguma igualdade. Mais de trinta mil kulaks foram mortos na hora. Muitos mais encontraram seu destino nas mãos de seus vizinhos invejosos, rancorosos e improdutivos que usavam seus ideais de coletivização comunista para mascarar seus propósitos homicidas. Não é difícil imaginar o que os kulaks já haviam passado antes do extermínio da classe, embora eles também tenham abusado de seu status, destratando seus empregados. Eliminá-los como classe significava a estatização da economia soviética varrendo a diversidade social e o espectro da contestação política.

O povo russo sempre se mostrou belicoso, vingativo. Perseguidos pelo regime, os kulaks foram obrigados a andar nus pelas ruas, surrados e forçados a abrir suas próprias covas. As mulheres foram estupradas, as casas saqueadas, roubadas. Os kulaks que não morreram foram exilados, a maior parte para a Sibéria. A produção agrícola despencou. Seis milhões morreram de fome na Ucrânia, considerada a reserva de alimentos da década de 1930. "Comer os próprios filhos é um ato de barbárie", declaravam pôsteres do regime soviético.

Na Ucrânia a tragédia ficou conhecida como Holodomor que significa "assassinato pela fome", um crime contra a humanidade que tem diversas marcas de genocídio. O Parlamento ucraniano definiu o Holodomor como genocídio em 2006, criminalizando sua negação, assim como a negação do holocausto. Em 2008, o Parlamento europeu classificou o Holodomor como crime contra a humanidade.

É quase certo que grande parte da humanidade nunca tenha ouvido falar do kulaks, mas com certeza tem conhecimento das mãos de ferro do comunismo que teve seus primórdios muito antes de Stálin. Um povo que escapou do czarismo para ficar sob o tacão da bota comunista, impiedosa, totalitária e criadora de uma nova classe: a dos detentores do poder.

Tenho um rol extenso das "bondades" dos soviéticos comunistas. Fica para outra oportunidade. Isso não significa que as ideias marxistas deixaram de fascinar muitos intelectuais, especialmente franceses. Não é estranho que um regime tão autoritário, antidemocrático, ditatorial que usou e abusou dos assassinatos em massa tenha hipnotizado indivíduos de QI altíssimo? Cada cabeça, uma sentença. Mas, também enganou e continua enganando pessoas simples, ingênuas, simplórias, crédulas.

Dra. Maria da Glória De Rosa
Pedagoga, Jornalista, Advogada
Profª. assistente doutora aposentada da UNESP
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