PROPOSTA E CONTRAPROPOSTA

Por Jornal Cidade de Agudos em 09/11/2023 às 10:21:15

A questão da guerra entre Israel e o Hamas é controversa. Há quem não admita razões para o Hamas atacar Israel e, concomitantemente, há os totalmente defensores das investidas desse grupo tido como terrorista.

Como o Estadão publicou, em outubro p.p., um artigo esclarecedor sobre o assunto, escrito por Yuval Noah Harari, autor do best seller Homo sapiens, ninguém melhor que ele, israelita, historiador de grande cultura, para abordar o assunto. É quem irá nos servir de apoio para desenvolver este tema. Como não somos israelenses, não conhecemos o país senão através de leituras, nada melhor do que Harari para esclarecer aspectos duvidosos. Já dissemos, muitas vezes, não concordar com todas as ideias filosóficas desse autor, mas o que ele propõe nesta explanação citada nos parece muitíssimo razoável. Ele não é defensor do Hamas, mas, com cautela, como quem pisa em terreno minado, mostra alguns pontos fracos da política israelense, que certamente teriam determinado o descontentamento dos palestinos.

Harari narra o padecimento de sua própria família com a investida brutal e inesperada do Hamas. Menciona um casal de tios, de idade avançada, nascidos no Leste europeu, que perdeu contacto com parentes moradores de um kibutz arrasado pelos terroristas. Esconderam-se por horas na casa deles, enquanto dezenas de invasores matavam e assassinavam. Os judeus já haviam perdido um mundo no Holocausto. Histórias a respeito deles, indefesos, escondendo-se dos nazistas em armários e porões, sem ninguém acudir em sua ajuda, são contadas às centenas. Basta lembrarmos a vida de Anne Frank e todo sofrimento dela e da família. A história do povo judeu é de dores e perseguições. Para evitar a repetição desse quadro, foi fundado o Estado de Israel. Então, o Estado fracassou em sua missão? Diz Harari, os israelenses estão pagando o preço de sua soberba, sentiram que eram mais fortes que os palestinos e poderiam ignorá-los, mantendo-os sob ocupação.

Mas isso não justifica as atrocidades cometidas pelo Hamas que fez tudo que pôde para sabotar o processo de paz de Oslo — palavras do historiador. A explicação para a disfunção de Israel é o populismo. Benjamin Netanyahu é um primeiro-ministro populista, dando preferência aos seus interesses particulares, assumindo o crédito por todos os sucessos, mas não admitindo fracassos. É péssima a coalisão do governo dele, um acordo com fanáticos e oportunistas, que puseram foco em concentrar poderes ilimitados para si mesmos. Há muita coisa a dizer contra o governo que aí está, mas por ora basta.

De fato, os jornais, tevê etc. noticiam as perversidades dos terroristas, que têm ido de casa em casa, assassinando famílias inteiras, matando pais diante dos filhos e fazendo de reféns até bebês e avós.

Qualquer amante da paz deve condenar e impor sanções ao Hamas e exigir a libertação dos reféns e o desarmamento dos terroristas. É preciso conclamar o Ocidente para ficar do lado dos judeus, uma vez que parte dos orientais apoia os terroristas. Israel ainda pode salvar-se da catástrofe. A memória do sofrimento judaico está galvanizando toda a nação. Mas, a maneira como o populismo estragou Israel deveria servir de alerta para as democracias de todo o mundo.

Dra. Maria da Glória De Rosa
Pedagoga, Jornalista, Advogada
Profª. assistente doutora aposentada da UNESP
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