Como é difícil avaliar o conhecimento das pessoas. Especialistas do mundo inteiro dedicam-se a esta tarefa, a fim de alcançar o objetivo. É comum nas escolas superiores o aluno reclamar de sua nota, que ele merece mais pontos do professor. A nota recebida pelo discente nem sempre é a esperada. Nunca se ouviu dizer ter ele sido agraciado, a reclamação é sempre ao contrário. Por isso, o esforço dos chamados pedagogos para acertar com o critério da avaliação, mas tudo indica que ainda não se conseguiu chegar aonde se queria.
Ao que tudo indica, isto está acontecendo com as avaliações do famigerado ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) cujo objetivo é avaliar o desempenho do estudante ao fim da escolaridade básica. Os comentários e as queixas a respeito do trabalho da equipe responsável não têm sido dos melhores. Gente culta, especialista ou não em Pedagogia, tem-se posto contraria à linguagem nada objetiva das questões e à pretensa doutrinação dos candidatos.
O respeitável Alexandre Garcia, que comandou o JN da Globo durante muitos anos, de quem não se duvida de sua formação cultural, teceu um comentário desairoso a respeito do tema da redação, muito extenso, demasiado adjetivado e sem nenhuma clareza. Quanto ao teor das questões, sinceramente, no que diz respeito à linguagem usada no quesito interpretação, também constatamos uma verdadeira salada de fruta, para usar uma expressão bem popular. Ao lermos uma das questões, ficamos sem saber para onde ir: entre escolher diante de cinco opções, permanecemos na indecisão se era essa ou aquela opção ou se as duas: essa e aquela. Mas, era preciso escolher uma só resposta. Daí a perplexidade chegou a tomar conta do nosso raciocínio. Santo Deus! Estamos emburrecendo ou o quê? Será que sairíamos aprovadas nesse exame? Horror dos horrores! ter de admitir que talvez estivesse aí nossa primeira "mancada". Felizmente, nos tranquilizamos, lembrando-nos de certa vez na qual o ENEM propôs uma questão sobre a letra de uma canção de Caetano Veloso. Uma vez levado o problema ao autor, ele ficou indeciso entre as várias opções: pode ser esta, pode ser aquela! Então, isto quer dizer que a "coisa" era mesmo confusa? Graças, Senhor... Ficamos só no setor conectado à linguagem/raciocínio. Nas demais questões de física, matemática etc. não nos cabe fazer análise porque não fazem parte de nossa formação.
Só mais uma palavra. Agora sobre a doutrinação escancarada da prova. Os chamados pedagogos que compõem a banca organizadora das questões não estão sendo honestos com o que aprenderam na Universidade. Não se doutrina o aluno nem qualquer indivíduo. Exposto o problema, cabe ao aluno ou ao indivíduo escolher o caminho. Valer-se do verbo divergir é um direito do estudante e de quem quer que seja. O aluno não é obrigado a seguir a cartilha do professor. Afinal, estamos ou não estamos numa democracia? No momento, tudo indica o contrário.
Ou o ENEM se atualiza, e segue as orientações pedagógicas, ou que seja extinto, uma vez estar falhando em seus objetivos. Que tal fazer uma repaginação total nesse instituto?