AGRADEÇO, MAS DISPENSO

Por Jornal Cidade de Agudos em 25/01/2024 às 13:14:30

Hoje, como consequência dos imensos campos abertos pela tecnologia, informática e IA (Inteligência Artificial), o ser humano, se não quiser perder o bonde da História, deverá estar alerta e bem informado. Não estamos em condição de dar ensinamento a quem quer que seja sobre o assunto, mas nos temos esforçado para não ficar muito aquém das novas conquistas, e para não alargarmos a distância entre o legado de hoje e o que acontecerá amanhã. Diante disso, estamos tendo a humildade de abrir as portas ao desconhecido, a fim de auferir conhecimentos básicos, indispensáveis a qualquer cidadão de mediana cultura. Para isso, foi preciso ler bastante e assimilar muitas informações. Mas, todo trabalho vale a pena, como diz o poeta, se a alma não é pequena.

Vamos então a algumas noções colhidas sobre informática, tecnologia e IA. Qualquer professor de Didática teria a obrigação de começar definindo cada um dos termos supracitados. A pergunta é: existe uma relação entre informática, tecnologia e IA? Resposta: existe. Vamos por partes. Informática é o armazenamento, processamento, coleta e transmissão de informações digitais.

Prosseguindo na tarefa proposta de sermos didáticos, passemos ao termo tecnologia, o segundo da trindade acima exposta. A tecnologia nada mais é que o estudo sistemático de processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais domínios da atividade humana. Refere-se às ferramentas e máquinas que podem ser usados para resolver problemas. A tecnologia vai avançando graças às necessidades da sociedade e cresce paulatinamente conforme os estudos e aprofundamento. É ela quem influencia as pessoas à busca e à inovação.

Com o passar do tempo, novas tecnologias vão sendo criadas. É o caso da IA, cujo desenvolvimento tem levado computadores a realizar tarefas cada vez mais complexas que antes só um ser humano poderia concretizar. Grosso modo, IA é um conjunto de tecnologias que permite ao computador executar uma variedade de funções avançadas, incluindo capacidade de ver, entender e traduzir idiomas falados e escritos, analisar os caminhos a seguir de forma racional. Hoje a IA está em todos os lugares: no carro, nas fábricas, no sistema de atendimento em hospitais, no celular, no buscador da internet, no antivírus etc. A IA surgiu como uma força transformadora, revolucionando a forma de empresas e pessoas conduzirem os negócios e a própria vida.

Agradeço à IA, mas dispenso sua atenção, especialmente nestes textos. Sabemos perfeitamente que, recorrendo à IA, este artigo poderia ser infinitamente melhor. Mas, não seríamos nós que estaríamos aqui, se deixássemos a máquina falar por nós; por isso não vamos nem passar perto daqueles informes que não passam de "bengalas" ou "salva vidas" para quem não quer perder seu precioso tempo. Há sites que fazem a redação sozinho, basta fornecer algumas palavras chave e ele gera facilmente artigos, ensaios, sem plágio e de boa qualidade em questão de minutos. Isso não parece uma máquina de fazer doidos? Acabou a originalidade, a iniciativa, a individualidade. Quem mais autêntico do que eu para editar, por exemplo, uma mensagem ou uma coluna de jornal sobre a amizade, a saudade, o luto? Dispensamos a IA, nem que tenhamos de ficar vários dias burilando um tema ou uma ideia. O importante é o que cada um sente dentro de si. Neste oba-oba da máquina, como o leitor identificará a autoria do texto que está lendo? Isso para ficar só no campo da escrita, da literatura.

Ao ler estas poucas notas — que mesmo assim nos custaram algum tempo —, embora de duvidoso teor, muitos nos taxarão de estúpida ou avessa ao progresso. Por que jogar tempo fora martelando este texto, corrigindo-o, eliminando palavras, substituindo frases, quando, em apenas alguns minutos, recorrendo à IA, conseguiríamos uma matéria intocável sobre o mesmo assunto e de muito melhor qualidade? Concordamos, não criticamos quem faça uso dessa moderna tecnologia, mas dispensamos a ajuda. É verdade que a feitura destas anotações consumiu tempo, especialmente para nós que não somos experts no assunto. Deixem-nos todavia com nossas restrições linguísticas ou acadêmicas, mas não nos tirem a autenticidade e a franqueza. Sensato é Mario Quintana no que diz respeito à essência do ser humano: "Buscas a perfeição? Não sejas vulgar. A autenticidade é muito mais difícil."

Dra. Maria da Glória De Rosa
Pedagoga, Jornalista, Advogada
Profª. assistente doutora aposentada da UNESP
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