E POR FALAR EM ROBÔS...

Por Jornal Cidade de Agudos em 08/02/2024 às 11:06:05

Parece sedutor falar de robôs, mas para tanto é preciso dominar o assunto. Reconheço que meu conhecimento sobre informática, inteligência artificial e o escambau é bastante capenga. Então, bem melhor seria falar de flores... Um traço da personalidade do ariano, porém, é a teimosia, por isso, vocês vão ter que me engolir. Quem disse isso mesmo? O filósofo Zagallo. Teria sido um ariano também? Deixe pra lá. O mínimo que posso garantir é que consultarei algumas notas de credibilidade sobre o assunto. Então, vamos lá...

Filmes de ficção científica têm demonstrado robôs assassinos, que se rebelam contra seus donos humanos e saem por aí, matando as pessoas pelas ruas, fazendo muita estrepolia. O problema real com os robôs é exatamente o contrário da desobediência: eles são extremamente "fieis" aos donos. Se estivessem numa guerra, robôs matadores seguiriam as ordens de seu dono. Como eles não têm emoção, sairiam saqueando, destroçando, matando, sempre cumprindo rigorosamente as ordens emanadas da cabeça dos seus senhores. Soldados humanos, levados por emoções pessoais, muitas vezes não cumprem as leis da guerra e acabam cometendo estupros, assassinatos indevidos etc. Como não têm emoções, os robôs seguiriam o código de seus donos e nunca sairiam da linha proposta e guiados por rancores pessoais como os humanos.

Por culpa de emoções pessoais, já se teve notícias de soldados que, acometidos de surtos ou por conta mesmo da maldade inata, saíram pelos campos de batalha cometendo barbaridades e transgredindo o código militar. Mas, antes de sair bradando em favor dos robôs, não esquecer que robôs sempre refletem as qualidades de sua programação. Se o programa é contido, provavelmente os robôs apresentarão uma melhoria em relação ao soldado de carne e osso. Pense, porém, num programa implacável, terrível — os resultados serão monstruosos. Qual o problema, então? O problema não está na inteligência artificial, mas na estupidez e sadismo do homem.

Imagine se na Segunda Guerra a Alemanha tivesse tido à disposição uma tropa de robôs assassinos para fazer uma limpeza étnica numa ação contra oponentes. Provavelmente, as atrocidades teriam sido mais estarrecedoras. Nenhum robô teria deixado de cumprir as mais calamitosas ordens, e nenhuma única criança teria sido poupada por sentimento de compaixão.

Um Hitler, um Stálin, um Mao, armados com robôs assassinos nunca precisariam se preocupar com revoltas de soldados humanos, não importa a perversidade e maluquice de seus projetos. Um governo imperialista que tivesse a seu dispor um exército de robôs poderia travar guerras impopulares sem preocupação de que seus robôs desertassem, de que suas famílias protestassem.

Seria plausível uma rebelião de robôs? Talvez, não, mas... poderemos ter de lidar com hordas de "bots", ferramentas digitais de computador ou de internet, que podem ser usadas para o bem e para o mal. Eles saberiam como manipular nossas emoções, identificar nossos temores, ódios, desejos e usar isso contra nós. Carregam riscos que podem ser usados para hacking, fraudes, espionagem, interrupções e comprometimentos. Estima-se que até metade de todo tráfego da internet hoje seja composto por bots de computador que realizam várias tarefas.

Já tivemos amostras disso quando hackers aprenderam a manejar eleitores, analisando dados sobre eles e explorando seus preconceitos. Longe de apocalipses cinematográficos que terminam em fogo e fumaça, podemos estar a um clique de um apocalipse banal.

Segundo certas teorias científicas, a mente não está livre de manipulação. Não existe um "eu" autêntico esperando ser libertado da carapaça da manipulação. O que fazer? Arrancar os cabelos? A tragédia já bate às portas, portanto, não sejamos mais sombrios ainda. Não há muito o que fazer. É possível matar o robô? Harari diz que sim, mas, o robô já é produto de manipulações anteriores. Matar o robô, portanto, não vai nos libertar.

Ora, o problema, então, não é o robô? Fazer o quê? Já que nossos conhecimentos sobre a mente ainda não são suficientes, a ciência precisa urgentemente investir mais na pesquisa e desenvolvimento da consciência humana, em vez de concentrar-se em aumentar a velocidade de nossas conexões à internet e à eficiência de nossos algoritmos.

Dra. Maria da Glória De Rosa
Pedagoga, Jornalista, Advogada
Profª. assistente doutora aposentada da UNESP
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