A natureza está sempre em festa. Quando determinada planta produz uma flor exibe toda sua magnificência, exala seu perfume, mostra cores variadas, provoca alvoroço entre pássaros, insetos, pequenos animais. É por meio de uma sedutora interação com eles que a fecundação das sementes se garante. Mas, quem disse que aí há amor? Por simples acaso, um investigador da polícia norte-americana fixou um detector de mentiras nas plantas de seu apartamento de Nova Iorque. Observou que elas reagiam como seres humanos diante do prazer e do perigo. Quando ele aproximava uma chama perto das folhas, seu oscilógrafo registrava com traços fortes o pânico entre as plantas pequeninas. No momento em que se propunha a tratar bem delas, o investigador observou que agiam de forma mais relaxada. O tempo foi correndo e ele observou que, depois de certa intimidade, mesmo que aproximasse chamas perto delas, no detector de mentiras elas manifestavam desconcentração diante de um falso perigo. Verificou que as plantas podiam captar sua intenção real.
Até pouco tempo, os cientistas não viam nisso amor, mas simplesmente uma mecânica físico-química friamente estudada. Diante das informações das experiências do investigador americano e mais outras também fortuitas, cientistas soviéticos interessaram-se em fazer pesquisas sobre as reações emocionais das plantas. Em laboratórios da Sibéria foram feitos experimentos com gerânios. Os cientistas fizeram uso de um tratador e um torturador. Enquanto o torturador alfinetava e queimava as folhas dos gerânios e jogava ácidos em seus caules, o tratador aliviava-os de seu sofrimento, afofava a terra e acariciava suas folhas conversando com eles. Todas as vezes que o torturador estava nas imediações do laboratório, sinais fortes e agudos eram emitidos pelas plantas. Já na presença do tratador, emitiam sinais de ternura, ondas suaves, largas e contínuas. Diante dos fatos, os cientistas soviéticos estudaram os sentimentos de amor e ódio entre os humanos e posteriormente passaram a estudar as relações emocionais entre as próprias plantas. Em seu laboratório cultivaram alguns pés de milho em condições de desenvolvimento, separando um deles dentro de um recipiente de vidro sem terra ou água suficientes. Algo incrível foi constatado: não se sabe como, as plantas que estavam em boas condições transferiram nutrientes e água para o pé de milho prisioneiro, de maneira que ele se desenvolvesse quase tanto quanto os outros. A mesma experiência foi feita com um par de violetas, mas desta vez, os vasos foram separados. A violeta que não recebia água reagia como se estivesse sendo regado, no exato momento que o outro vaso, em outra sala, era regado.
O prazer das árvores ao sentir seus frutos espalhados e suas sementes fixadas também pode ser detectado por experiências como as citadas. Nas árvores frutíferas do campo, submetidas aos mesmos tipo de testes, os pesquisadores soviéticos notaram em seus equipamentos sinais prazerosos de linhas oscilantes emitidos por elas nas vezes em que alguns cientistas arrancavam delas frutos maduros.
Essas constatações apontam num sentido — o do prazer que atiça na natureza seus movimentos de perpetuação. Sístoles e diástoles, movimentos de contração e expansão das plantas são como nos humanos, a base de seus processos físico-químicos. Elas se contraem para produzir sementes como se abrem, se expandem e se mostram para interagir com o universo. A ciência constatou o que os poetas mais sensíveis vêm captando e descrevendo em versos, durante séculos, esses movimentos sensitivos das plantas semelhantes aos sentimentos humanos.
Na natureza há vida. Há uma permanente festa de amor!
ooOOoo
"Eu não tenho filosofia, tenho sentidos...
Se falo na natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar..."
(Alberto Caieiro – 1914)
Dra. Maria da Glória De Rosa
Pedagoga, Jornalista, Advogada
Profª. assistente doutora aposentada da UNESP