A RESPEITO DAS ÚLTIMAS FALAS DE LULA

Por Jornal Cidade de Agudos em 22/02/2024 às 08:15:08

Quando um presidente de uma nação abre a boca, o mundo todo fica de sobreaviso. As palavras de um chefe de Estado têm imensa repercussão, por isso é de bom alvitre que pessoas que ocupam cargos importantes sejam previdentes e cautelosos com o que dizem. Nós brasileiros estamos, no momento, sendo atingidos mundo afora por uma enxurrada de comentários sobre as últimas falas de Lula. O que aconteceu realmente?

O presidente Lula, neste último périplo pelo mundo, resolveu abrir a boca para demonstrar sua inequívoca tendência afetiva aos palestinos e aos terroristas do Hamas. É estranho ver Lula acarinhando quem quer que seja, porque, na maioria das vezes, é irritado e disposto a ofender. Desta vez em que os afagos foram prodigalizados aos palestinos, os ataques não faltaram aos israelenses. Quando ele defende xis pode estar certo de que estará sobrando ataques para ypsilon. Foi o que aconteceu recentemente, neste último 18 de fevereiro, quando, em Adis Abeba, na Etiópia, classificou como "genocídio" e "chacina" a resposta de Israel na faixa de Gaza aos ataques terroristas promovidos pelo Hamas. Comparou a ação israelense ao extermínio de milhões de judeus por Adolf Hitler no século passado.

Como não podia deixar de ser, as respostas foram imediatas. Netanyahu pronunciou-se em seu perfil no X: "As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e sérias. São sobre banalizar o Holocausto e tentar ferir o povo judeu e o direito israelense de se defender." E mais: "Decidi, com o ministro das Relações Exteriores, Rafael Katz, convocar o embaixador brasileiro em Israel para uma dura conversa de repreensão." Vem, então, o ministro Katz em apoio ao presidente, repudiando o que chamou de declarações "infundadas" de Lula: "Esta distorção perversa da realidade ofende a maioria das vítimas do Holocausto e de seus descendentes. O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição do equilíbrio e busca do diálogo da política externa brasileira." Após esse grave incidente, Lula é declarado "persona non grata" em Israel, expressão que se aplica a um representante estrangeiro que não é bem-vindo em missões oficiais.

No dia 15 de fevereiro, no Egito, Lula já havia demonstrado, junto com seu grupo, a identificação histórica com a causa palestina: "A única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa. Mas me parece que Israel tem a primazia de descumprir, ou melhor, não cumprir nenhuma decisão emanada da direção das Nações Unidas."

Lula e sua companheira Dilma parecem detentores de inúmeros troféus no quesito "gafes". Na semana anterior a esse quiproquó, Lula já havia se envolvido numa situação hilária em que, plantando uma oliveira na Embaixada da Palestina em Brasília, questionou o embaixador daquele país quanto tempo levaria para produzir "uvas". Quando, na reserva indígena Raposa do Sol, Lula foi muito criticado por dizer que a escravidão, apesar de terrível, teria trazido algo de bom, a miscigenação do Brasil. Ora, todos sabem que não há saldo positivo trazido da escravidão e a miscigenação no Brasil não está associada a processos pacíficos, mas, à violência e estupro de mulheres negras e indígenas. O presidente também defendeu a tese (?) de que os que sofrem de deficiência intelectual têm "problemas de desequilíbrio do parafuso". Mais recente, a posição dele na Arábia Saudita causou espécie ao atribuir à Ucrânia, que foi invadida pela Rússia, a responsabilidade da guerra. Quanto à morte obscura de Navalny, opositor de Putin, Lula tem revelado cautela extrema até agora.

Os escorregões do ex-presidiário, se não afetam a popularidade dele aqui dentro, podem causar estranheza lá fora e comprometer sua credibilidade. As retratações, raramente feitas, poderão vir tarde demais e as gafes, quando mantidas, dependendo de seu conteúdo ou tema, estarão abertas a possíveis anedotas em outros países.

Pode-se notar que, dado o precário nível cultural de Lula, suas escorregadelas ocorrem sempre nos chamados discursos de improviso. Ora, se isso proporciona grandes oportunidades para algumas situações perigosas, ou até jocosas, todo o cuidado é pouco. Parece estar faltando expertise à assessoria do presidente, a fim de minorar essas repetitivas e constrangedoras derrapadas.

Dra. Maria da Glória De Rosa
Pedagoga, Jornalista, Advogada
Profª. assistente doutora aposentada da UNESP
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