MUNDO MUITO LOUCO

Por Jornal Cidade de Agudos em 08/01/2025 às 07:14:29

A cada dia sinto o mundo cada vez mais louco. Recordo-me de antigo mote do cancioneiro popular Sérgio Brito: "Tá todo mundo louco! Obá!"

Parece caricatura da vida, não parece? Se você pensar com calma salpicada de uma dose de filosofia, chegará à conclusão de que não estamos muito distantes da verdade de que este mundo é realmente muito louco.

Raciocine comigo. O mundo está coalhado de pessoas que acreditam em mula sem cabeça, saci Pererê, duendes, lobisomem, fadinhas, almas do outro mundo etc. Alguém me contou que uma pessoa aqui da terrinha acredita que são Paulo, em outros tempos, já nos visitou, ensejando que, por isso, nossa cidade tenha se chamado, a princípio, São Paulo dos Agudos. Foi uma homenagem à visita do santo que aqui esteve de corpo e alma. Não ria, não! Ouvi essa história mais de uma vez.

Pois, não se fala bastante a respeito do E.T. de Varginha? A cidade homenageia esse ser com honras e pompas, o que não deixa de ser uma boa propaganda para a cidade que, graças a essa história do arco-da-velha, está cada vez mais conhecida no país.

Já li, não me lembro onde nem quando, que uma atriz brasileira famosa atestou ter visto duendes em seu jardim, saltitando e creio que até cantando?! Só não cito o nome da dita cuja, porque não me lembro a fonte e isso poderia me criar problema. Mas, que li isso em algum lugar, palavra de honra que li.

Nosso caboclo acredita piamente em entidades como pai Jacó, bruxas montadas em vassouras voejando por aí, cavalo alado e não sei quantas mais figuras mitológicas, que hoje já fazem parte do ideário popular. Eu mesma, acreditei em papai Noel por muitos anos e, quando minha mãe me contou a verdade, fiquei tão decepcionada que por muito tempo teria trocado a verdade por aquele punhado de sonhos.

Para provar ao leitor que este mundo é muito louco, cheio de teorias cabulosas, rocambolescas vou citar uma teoria de um escritor famoso. E desta vez, vou dar o nome do teórico e a fonte. O escritor Julio Cortázar, que havia conhecido Caetano Veloso durante o exílio do cantor e compositor em Londres, esteve em São Paulo em 1975, e foi ver um show de Bethânia. No dia seguinte, o repórter do Jornal da Tarde (publicação do Grupo Estado) Marcos Faerman foi entrevistá-lo e Cortázar lhe falou sobre uma teoria que tinha: Caetano e Bethânia seriam a mesma pessoa. "Eles são iguais meu caro, absolutamente iguais. E há alguma prova de que eles não sejam a mesma pessoa? Eles já foram vistos juntos alguma vez em algum espetáculo? Responda, isso é importantíssimo" perguntou o escritor. "Sim, já foram vistos", respondeu Faerman. "Mas aí está: eles não estavam juntos... não poderiam... eles são um... isto deve ter sido truque de algum desses habilidosos diretores; sabe, esses jogos de espelho que usam nos parques, coisas assim", argumentou Cortázar. A entrevista foi publicada no JT em 26 de abril de 1975.

Eu paro por aqui. Não sei o que Cortázar fez com essa bruxuleante teoria com o passar dos anos. Nem me interessa o depois. Não sei se ele voltou ao assunto. Pelo menos, pôde demonstrar sua engenharia mental. José Saramago também se interessou pelo assunto e deixou-nos um livro cerebral intitulado O Homem Duplicado. Chega a dar um nó nas massas encefálicas. O assunto é realmente muito atraente. Mas, por hoje chega!

Dra. Maria da Glória De Rosa
Pedagoga, Jornalista, Advogada
Profª. assistente doutora aposentada da UNESP
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