NEM LULA NEM BOLSONARO

Por Jornal Cidade de Agudos em 15/01/2025 às 14:52:01

Esta noite tive um sonho que me deixou feliz. Sonhei que a televisão não invadiria mais minha casa expondo na tela a figura de nenhum caçador de votos. Que não precisaria mais tolerar a intromissão dos discursos nem da esquerda nem da direita, que dominam a arena política. Que alegria! Poderia então apoiar a democracia como um valor universal sem preconceitos e discriminação. Vislumbrei um cenário onde segurança é inteligência e a violência irmã da desigualdade. Senti na carne que um pouquinho de inflação até faz bem. Era muito agradável estar nesse ambiente em que invasões de depredações de patrimônio público, são consideradas ilegais, sejam patrocinadas pelo MST ou por partidários de golpes de Estado. Estava sonhando em um espaço onde as liberdades de expressão, organização e manifestação são defendidas de acordo com as regras do Estado Democrático de Direito. Como isso era bom!

Como o sonho é livre, não tem regras nem leis que o restrinja, naquelas minhas elucubrações oníricas, eu não me sentia asfixiada por pressões extremistas, que hoje são instrumento de análise da divisão a que o lulismo e o bolsonarismo submeteram a sociedade em busca do poder pelo poder. Não! Não me sentia angustiada nem defendendo, tampouco justificando, grupos terroristas como o Hamas, o Hesbollah e demais milícias do Oriente Médio. Nem me sentia pressionada a apoiar Nicolás Maduro, Vladimir Putin ou outros ditadores de esquerda, de direita ou fundamentalistas religiosos.

Mergulhada neste meu sonho de liberdade plena para decidir e contestar, não me sentindo nem petista nem bolsonarista, não tinha a obrigação de apoiar nenhuma força política populista. E foi então que senti o peso da falha dos partidos políticos em interpretar os sentimentos, captar aspirações e encontrar soluções para os problemas desse imenso contingente populacional.

Como me senti bem sonhando que estava num país livre, longe da polarização, do tacão político da esquerda e da direita! Se pudesse, continuaria entregue aos braços de Morfeu, sonhando livre como um pássaro! E, nesse ambiente de descontração, de liberdade, dando rédeas à imaginação, percebi que a construção de alternativas precisa partir dos insatisfeitos. E, é nesse campo enorme --- desde idealistas, professores, até empresários, artistas, sindicalistas , pessoas comuns ---, que todos querem viver. E só a

democracia pode configurar ambientes de paz onde direitos políticos e liberdades são respeitados e valorizados. Urge que forças políticas democrática resgatem o seu espaço. E então, agora desperta de meus sonhos, compreendi a necessidade de uma frente ecológica de diferenças coligadas.

Acordada e perfeitamente lúcida, decodifiquei o recado do sonho. Senti a necessidade de a nação também sair da letargia na qual se deixou envenenar. Se isso não acontecer, os erros serão mantidos e perpetuados. Só depende de nós. E me veio à mente uma frase que deveria servir-nos de guia: "Quando um sonho é grande demais, é preferível morrer com ele a deixar que ele morra sozinho".

Dra. Maria da Glória De Rosa

Pedagoga, Jornalista, Advogada

Profª. assistente doutora aposentada da UNESP

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