Mais uma vez estamos tendo surtos de diarreias, doença cíclica, causada, em sua grande maioria, por agentes virais. Há cerca de um mês estamos percebendo um aumento no número de casos de diarreias em crianças, adolescentes e adultos. Junto com o aumento do número de evacuações, também percebemos quadros de nariz entupido, tosse e febre. Os casos mais graves cursam com desidratação, sendo necessário tratamento hospitalar. Tomo a liberdade de reescrever o texto que publiquei neste renomado periódico para relembrar as maneiras de prevenir essa doença.
As diarreias estão muito associadas às temperaturas elevadas, pois o calor prejudica a conservação dos alimentos. A maioria evolui com quadros leves, mas algumas provocam vômitos e desidratam gravemente, sendo até necessário internação.
Os vírus são os maiores causadores e, muitos deles, vivem em nosso organismo. Desequilíbrios da flora intestinal ou queda na nossa imunidade faz com que eles comecem a se replicar, levando ao aparecimento dos sintomas. Mas a recuperação é rápida e em poucos dias estamos curados. Além disso, também existem as diarreias causadas por intoxicações alimentares (contaminações bacterianas), medicamentos e até por produtos químicos.
Não há um tratamento específico para as diarreias e os pacientes beneficiam-se com pequenas mudanças na dieta além do uso de medicamentos sintomáticos (para dor e febre). A medida mais importante é a hidratação. Devemos oferecer o soro de rehidratação, disponível gratuitamente em qualquer posto de saúde, todas as vezes que eles sentirem sede ou após irem ao banheiro. Também podemos utilizar o famoso "soro caseiro", preparado com 200 ml de água, uma pitada de sal e duas colheres de açúcar. E nos casos extremos, cuja aceitação alimentar está difícil (devido a vômitos, por exemplo), o paciente precisa procurar as unidades de urgência para ser hidratado por via intravenosa.
O aleitamento materno constitui medida mais importante para prevenção das diarreias, pois o leite humano possui uma quantidade imensa de anticorpos. Portanto, as crianças amamentadas no peito têm poucas chances de desenvolver essas doenças. E há outras medidas bastante simples como:
1- Cuidar da higiene pessoal e ambiental;
2- Lavar bem os alimentos (de preferência, deixá-los de molho em mistura de água com água sanitária);
3- Lavar as mãos antes de manipular alimentos, após limpar as crianças, depois de ir ao banheiro e voltar da rua. O álcool gel também é efetivo para matar os vírus intestinais;
4- Ferver a água, principalmente antes da preparação de fórmulas infantis;
5- Evitar tomar água, sucos e outras bebidas diretamente na garrafa ou lata;
6- Não ingerir alimentos preparados em locais de higiene precária ou duvidosa;
7- Atentar-se aos prazos de validade dos alimentos;
8- Guardar alimentos e verduras em geladeira após a higienização.
9- Manter o calendário vacinal em dia, pois as doenças infecciosas em geral diminuem a resistência das crianças.
As unidades básicas de saúde possuem a vacina contra rotavírus, extremamente útil para diminuir a severidade das diarreias em crianças menores de um ano de idade. Podemos nos orgulhar de ter essa vacina disponível no nosso Calendário Nacional de Vacinação.
E devemos, também, cobrar de nossos governantes e gestores públicos o tratamento de água e realização de saneamento básico além de conscientizar a população sobre o destino correto do lixo e demais resíduos domésticos (como a reciclagem, por exemplo).
E novamente me coloco a disposição para ajudar.
Dr Eli Roberto Garcia Filho
CRM-SP 104.828.
Alergologista pediatra,
RQE 66080/660801