O programa Mulheres Positivas desta semana recebeu a cantora Anna Lú. Em entrevista a Fabi Saad, ela explicou de onde surgiu sua paixão pela música, incentivada desde a infância. “Eu nasci para cantar. Minha mãe é cantora, meu avo é cantor, meu pai é cantor. Sou a quinta geração de cantores na minha família, é muito normal. Para mim, é mais difícil essa entrevista agora do que estar lá no palco”, contou. “Minha avó era uma cantora, deixou de cantar para casar com meu avô e cuidar dos filhos. Foi uma mulher que me ensinou muito, me ensinou a trocar o chuveiro. Minha mãe me criou com música, meus pais separaram muito pequenos e minha mãe criou dois filhos com música. Quem trabalha na noite, principalmente a de São Paulo, com shows todo dia, você trabalha só com homem. Se você não gritar, não chegar na voadora, ninguém te respeita.”
Anna Lú foi uma das atrações do festival Tim Music Mulheres Positivas. A artista fez shows em São Paulo, no Theatro Municipal, e no Rio de Janeiro, na Cinelândia. Ela conta que o dia a dia sendo mulher no mercado da música e do entretenimento está entre suas maiores dificuldades. “Hoje sei me defender e sou brava. Tenho muitas experiências com amigas cantoras, as vezes até eu passo por coisas que não sei agir. O assédio ainda é muito forte e pesado, mas você tem que falar, gritar, pôr o pé na mesa e apontar o dedo na cara. É surreal. Sou de banda só com homens, tenho uma guitarrista mulher, mas sempre trabalhei com banda só de homens. As pessoas vêm pedir uma musica e nunca falam com você, não acham que você é dona da banda”, disse. “Graças a Deus tive sorte com as pessoas que trabalham comigo, sempre me respeitaram muito, compram minhas brigas e entendem que eu estou na correria, mas é muito difícil. Assédio todos os dias. Não só sexual, mas assédio moral, vários tipos. Não é só a pessoa querendo te xavecar, é a pessoa que não acredita em você.”
Além da música, Anna Lú conta que administra sua própria carreira e seus produtos, além de trabalhar com organização de eventos. “Hoje estou tendo que aprender a deixar as pessoas fazerem coisas por mim. Tenho uma empresa de eventos, vendo vários produtos, não só os meus. Sei produzir um evento, montar um evento e entender o briefing do cliente. Vinte e dois anos me deram essa expertise. Posso montar um festival, consigo entender da limpeza até a mesa de som e o artista. Tem o lado maravilhoso de saber tudo, mas tem o lado difícil. Se eu estou aqui e vejo que está acontecendo algo de errado na minha produção, eu quero consertar. Não dá para querer fazer tudo, senão eu me desconcentro, fico louca”, explicou. A artista ainda aconselhou outras mulheres que desejam consolidar uma carreira no mercado fonográfico. “É importantíssimo conhecer o universo da música, mesmo que você não goste. Não precisa ouvir funk se você não gosta, mas é importante conhecer o universo do funk, tudo tem uma história.”
Como filme, Anna Lú indicou o longa “Antonia – Uma Sinfonia”, lançado em 2018. “Uma história verídica. Ela queria ser maestrina e ninguém deixava. O que essa mulher fez para virar uma maestrina é surreal. É um filme de chorar”, disse. Como sugestão de leitura, ela trouxe o livro “Ninguém é de ninguém”, de Zíbia Gasparetto. Como mulher positiva, ela afirmou se inspirar em Rita Lee e em sua contribuição para a música internacional. “Daria tudo para ter vivido ao lado dela, me inspiro muito. Ela abriu espaço na música, hoje a gente não estaria aqui. Ela já fazia o que hoje Lady Gaga e Beyoncé fazem”, concluiu.
Fonte: Jovem Pan