Uma professora do Colégio Estadual João Paulo II da cidade de Palmital (PR) criticou os eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), o agronegócio, os valores de direita e defendeu a legalização do aborto em sala de aula. A docente ironizou a frase da campanha de Bolsonaro, "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos" e também a bandeira do Brasil. A Secretaria da Educação e do Esporte do Paraná disse que vai abrir um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar a conduta da professora.
"Vocês acham que é os de direita que estão certos, família tradicional? Deus, Pátria e família, de onde?", ironizou a professora.
"Cuidado com o tiro no pé que vocês estão dando. Se alguém aqui planta mais de 500 alqueires de soja, daí tem que ser Bolsonaro mesmo, tem que aplaudir. Agora se você for um pouquinho mais pobre do que isso, larga a mão de ser tongo, larga mão de ser bobo", disse.
"Pelo amor de Deus sejam inteligentes. Eu não estou falando para ninguém mudar de voto, mas eu sinceramente estou explicando porque eu sou de esquerda. Querem mudar, mude. Não querem, paciência", frisou.
"Eles querem derrubar as instituições, que nos dão, enquanto povo, o direito de se expressar, direito de votar, direito de falar e de argumentar. Eles querem o povo bezerro, vaquinha de presépio, que diga sim pro militar. E usa uma bandeira pra fazer de conta que eles resgataram a bandeira, o que adianta uma bandeira verde amarela cheia de sangue. Adianta alguma coisa?", falou a professora.
A docente ainda afirmou que ela pagava o médico dela, mesmo com o Sistema Único de Saúde (SUS), e que também pagou pela educação do ensino médio dos filhos dela.
"Eu não precisaria ser de esquerda, eu poderia estar do lado desse povo que desviou. Vocês não param para pensar nisso? Pare para pensar", declarou aos alunos.
Sobre o aborto, ela destacou que não é a favor do aborto, mas sim da legalização. E ironizou dizendo que "a riquinha vai lá pagar um médico para fazer certinho e ela não morrer". "Nós não somos a favor do aborto, somos a favor da legalização do aborto", ressaltou.
"Quem tem um pouquinho de inteligência vai dizer que o mundo é bom para ele se for bom para todos. Mas os direitistas chamam isso de comunismo", afirmou a docente durante a aula.
A Secretaria da Educação e do Esporte do Paraná disse que o Núcleo Regional de Educação Pitanga, onde está localizado a instituição de ensino, e a Seed-PR tomaram conhecimento do caso nesta terça-feira (18) e confirmaram a abertura do PAD, que irá investigar a conduta da professora. "A secretaria segue as orientações da Controladoria-Geral do Estado, que não permite manifestações partidárias e menções a candidaturas durante o exercício profissional de seus agentes públicos".
A reportagem tentou entrar em contato com o Colégio Estadual João Paulo II, mas não teve retorno, até o momento.
Gazeta do Povo