Ibovespa perde R$ 215 bi em valor de mercado com risco de gastos acima do teto

Levantamento mostra que desde 28 de outubro as ações desabaram com críticas do novo governo ao controle fiscal

Por Jornal Cidade de Agudos em 17/11/2022 às 22:09:13

Ações têm desabado desde o segundo turno das eleições KEVIN DAVID/A7 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O risco de gastos acima do teto e a falta de controle fiscal fizeram o Ibovespa, índice que reúne as maiores empresas listadas na B3, a Bolsa de Valores brasileira, perder R$ 215 bilhões em valor de mercado desde o último dia 28 de outubro. Segundo cálculo da consultoria TradeMap, as ações desabaram após o segundo turno das eleições.

O levantamento considera a variação no valor de mercado de cada uma das companhias que integram o índice. O valor seria suficiente para bancar os programas sociais do novo governo.

Nesta quinta-feira (17), o mercado reagiu novamente à proposta de furo do teto de gastos para o pagamento do Bolsa Família e às declarações do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a reação dos mercados a medidas de flexibilização fiscal.

A Proposta de Emenda à Constituição da Transição, a chamada PEC do estouro, derrubou mais uma vez as ações e provocou a alta do dólar. O Ibovespa chegou a cair 2,49%, aos 107.496,57 pontos, às 13h42, enquanto o dólar operava com alta de 1,29%, a R$ 5,47.

A proposta, apresentada ao Congresso pelo vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin (PSB), na noite da quarta-feira (16), visa abrir espaço no Orçamento de 2023 para a manutenção de programas de transferência de renda. Mas sem sinalizar um novo controle fiscal das contas públicas.

A intenção é permitir a continuidade do pagamento do valor de R$ 600, mais uma parcela extra de R$ 150 para cada criança abaixo de 6 anos — conforme prometido pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na campanha.

Além de tirar o programa Bolsa Família do teto de gastos por prazo indeterminado, num acréscimo de R$ 175 bilhões nas despesas, a PEC estipulou que parte das receitas decorrentes de eventual excesso de arrecadação será alocada para investimentos públicos, abrindo espaço em 2023 para mais R$ 23 bilhões em gastos, também fora da regra do teto.


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