A decisão atende à recomendação do Conselho Executivo do COI, do último dia 7 de junho, sob alegação de que a IBA apresentava problemas de governança, de arbitragem e financeiros. Também na assembleia, a modalidade teve presença assegurada nas Olimpíadas de Paris (França), no ano que vem, e Los Angeles (Estados Unidos), em 2028, da qual ainda não fazia parte do programa.
A IBA estava suspensa pelo COI desde 2019, quando ainda era conhecida por Aiba (Associação Internacional de Boxe Amador), na esteira de acusações de corrupção e de manipulação de resultados na gestão do taiwanês Wu Ching-Kuo, que presidiu a entidade entre 2006 e 2017. Por conta dsso, foi impedida de organizar as disputas da modalidade nos Jogos de Tóquio (Japão), em 2021, e Paris.Em nota, a IBA avaliou a decisão como "catastrófica". Elencou, ainda, questionamentos ao presidente do COI, Thomas Bach, como a responsabilização de Ching-Kuo (que foi membro do Conselho Executivo do Comitê), pelos casos de corrupção do passado; uma suposta falta de comunicação entre as entidades e a relação entre política e esporte, impulsionada pela recomendação a não participação de atletas de Rússia e Bielorrússia em eventos, pelo envolvimento dos países na invasão militar à Ucrânia.
Em entrevista ao programa Stadium, da TV Brasil, durante visita ao centro de treinamento da seleção brasileira de boxe, em São Paulo, o presidente da IBA, Umar Kremlev, já tinha considerado uma "piada" a recomendação do Conselho Executivo sobre a desfiliação. O dirigente, que é russo, ainda defendeu o trabalho feito na associação, a qual preside justamente desde 2019.
"Eles [COI] perdem [com a desfiliação], não nós. Não somos nós que estamos quebrando regras. Não fomos nós [atual diretoria] que promovemos essa situação ligada à corrupção. Estamos resolvendo estes problemas. Nossa associação é, hoje, uma das melhores do mundo para esportes", disse Kremlev, que se comunicou com auxílio de um tradutor.
NOTA OFICIAL
Posicionamento da CBBoxe sobre desfiliação da IBA junto ao COI: https://t.co/64xbxhywpN pic.twitter.com/6mDrcgVLqp— Conf. Bras. de Boxe (@cbboxe) June 22, 2023
Também ao Stadium, o presidente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), Marcos Brito, afirmou que a entidade seguiria o caminho indicado pelo COI para seguir no movimento olímpico. A posição foi reforçada em comunicado publicada nesta quinta.
"Temos a responsabilidade de buscarmos o caminho para viabilizar aos nossos atletas a conquista olímpica e que isso retrate cada cidadão brasileiro. Nosso torcedor merece a participação nos Jogos Olímpicos, como também merece que os resultados sejam expressivos", relatou a CBBoxe, em nota assinada pelo dirigente.
"Caso haja uma nova entidade que vá ser a responsável por liderar a jornada olímpica do boxe, nós vamos aderir. É isso que importa para nosso caminhar: obter o rumo necessário para o boxe seguir olímpico e para que nós continuemos obtendo bons resultados e orgulhando nosso povo. Não iremos nos furtar em propiciar a nossos atletas sua participação em qualquer competição que traga a satisfação da conquista [...] Sempre que for possível a conciliação de torneios importantes, estaremos presentes, priorizando o Olimpismo", concluiu a nota.
O boxe está presente na Olimpíada desde 1904, em Saint Louis (Estados Unidos). O Brasil foi ao pódio pela primeira vez na Cidade do México, em 1968, com o bronze de Servílio de Oliveira. Nos Jogos de Londres (Grã-Bretanha), em 2012, foram três medalhas, com Adriana Araújo (bronze) e os irmãos Yamaguchi (bronze) e Esquiva Falcão (prata).
No Rio de Janeiro, Robson Conceição obteve o primeiro ouro olímpico brasileiro. O segundo veio cinco anos depois, em Tóquio, com Hebert Conceição. Ainda na capital japonesa, Beatriz Ferreira (prata) e Abner Teixeira (bronze) também se destacaram.
Fonte: Agência Brasil