Apaixonado pela família, pela música e suas viagens de moto com a esposa Aline, o soldado Cesar Felipe de Oliveira Carvalho, 36 anos, foi sepultado na manhã desta quarta-feira (17), em Agudos (13 quilômetros de Bauru), cidade onde nasceu e residia.
A última despedida do policial militar aconteceu sob forte comoção dos familiares e dos irmãos de farda da PM, no Cemitério Municipal de Agudos. Houve o acompanhamento de diversas viaturas, entre elas a da cavalaria, grupo do qual Cesar Felipe fez parte.
O adeus também contou com o som solene do trompete, tocado pelo aposentado Wilson Zacari, 70 anos, pai de um policial de Bauru. Era, aliás, o instrumento que o soldado Cesar Felipe dominava. Era ele quem fazia essas homenagens em sepultamentos, além de integrar as bandas da PM e de Agudos.
O cortejo teve uma passeata com dezenas de pessoas por cinco quadras, entre o Velório Municipal e o cemitério. Uma tia do soldado chegou a passar mal devido ao nervosismo.
De acordo com a corporação, Cesar Felipe ingressou na PM em 13 de dezembro de 2011 e exerceu suas funções ao longo de seus 12 anos de carreira.
Ele atuava no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) de Bauru e foi baleado no rosto em uma tentativa de assalto registrada em dezembro do ano passado em Arujá, região metropolitana de São Paulo. O policial permaneceu internado no Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, até sua morte pelo agravamento do quadro de saúde, na manhã da última segunda-feira (15).
Em dezembro, Cesar havia sido destacado para auxiliar na Operação Verão 2023/2024, realizada anualmente para reforçar a segurança no Litoral de São Paulo durante a alta temporada. O policial estava de folga, à paisana, em deslocamento de motocicleta da Capital para o Litoral quando, por volta das 23h do dia 18 de dezembro, foi abordado por dois homens em outra moto em um túnel da rua Jurandir Mauro Lopes, na Vila Pedroso.
Cesar Felipe deixa a esposa Aline Carvalho, os filhos Enzo, 10 anos, e Ester, 4 anos, que acompanharam todo o rito fúnebre, assim como a mãe Carla, o pai Paulo, as irmãs Daniele e Ana Paula, além de outros familiares e amigos.
ALÉM DA FARDA
Bastante emocionado, o sargento Carlos Alberto Silva, tio de Cesar Felipe, foi a inspiração para ele também seguir a carreira de policial. Ele contou que o sobrinho sempre foi muito alegre, brincalhão, do tipo tirador de sarro com as pessoas próximas, além de ter sido um excelente pai e marido. O soldado estudou em uma escola do Estado, a Professor Farid Fayad, em Agudos.
"Tocava trompete como poucos e também amava os cavalos com os quais trabalhou na equipe de cavalaria", recordou o tio.
A filha do sargento, a esteticista Agnes Carvalho, acrescenta que o primo Cesar Felipe gostava de passar tempo com a família. Ele abdicava de outras coisas para ficar com a esposa e os filhos. "Adorava fazer um churrasco, andar de bicicleta e viajar de moto em aventuras com a esposa", frisou Agnes. Cesar Felipe tinha uma BMW de 600 cilindradas e estava com ela na noite em que foi baleado em Arujá.
Segundo Jorge Sebastião dos Santos, o J. Santos, diretor-presidente do Museu Histórico Militar de Bauru (MHMB), o soldado Cesar Felipe era muito próximo, participativo e contribuía com a preservação de itens da instituição.
O capitão Edmilson Góes enfatizou que a Polícia Militar está consternada pelo falecimento. "Costumamos dizer que somos uma família e essa perda é sentida como a de um ente querido nosso. Cesar Felipe sempre foi um profissional zeloso e dedicado. Deixamos o nosso sentimento e rogamos a Deus para que conforte todos os familiares", disse o capitão, em nome de toda a corporação.