FMI piora projeção fiscal do Brasil em 2024 e não acredita em superávit com Lula

Fundo prevê que país terá déficit primário de 0,6% do PIB neste ano e de 0,3% em 2025 e dívida pública deve aumentar para patamares que só perdem para nações como o Egito e a Ucrânia.

Por Jornal Cidade de Agudos em 24/04/2024 às 09:31:32

O Fundo MonetĂĄrio Internacional (FMI) piorou as projeções fiscais para o Brasil em 2024 e nos próximos anos na esteira da mudança das metas anunciada pela equipe econômica no inĂ­cio da semana. Com base no novo cenĂĄrio, o PaĂ­s deve seguir no vermelho atĂ© o fim do governo do presidente da RepĂșblica, Luiz InĂĄcio Lula da Silva, e a dĂ­vida pĂșblica deve aumentar para patamares que só perdem para nações como o Egito e a Ucrânia.

O FMI estima que o Brasil tenha dĂ©ficit primĂĄrio de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e de 0,3% em 2025. Pelos cĂĄlculos da instituição, o PaĂ­s atingiria o zero a zero apenas em 2026, Ășltimo ano da gestão de Lula. A partir de 2027, o Brasil voltaria para o azul, com superĂĄvit de 0,4% do PIB, seguido por melhorias ano a ano atĂ© 2029, Ășltima projeção divulgada pelo organismo.

As novas projeções constam do relatório Monitor Fiscal, publicado nesta quarta-feira, 17, em paralelo às reuniões de Primavera do FMI, que acontecem nesta semana em Washington, nos Estados Unidos. As estimativas representam ainda uma piora frente ao cenĂĄrio traçado pelo Fundo na Ășltima versão do documento, em outubro, que apontava dĂ©ficit primĂĄrio de 0,2% do PIB em 2024 e superĂĄvit de 0,2% no ano seguinte.

As projeções mais cĂ©ticas do FMI ocorrem dias após o anĂșncio de metas fiscais menos ambiciosas por parte do governo Lula. O alvo de 2025 foi reduzido de superĂĄvit de 0,5% do PIB para zero. Para 2024, o governo manteve a meta zero, enquanto a de 2026 caiu de 1% para 0,25%.

"O ajuste foi feito para, à luz do aprendizado de mais de um ano, nós estabelecermos uma trajetória que estĂĄ completamente em linha com o que se espera no mĂ©dio prazo de estabilidade da dĂ­vida", disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a jornalistas, em Washington, na terça-feira, 16.

DĂ­vida segue em alta

Na prĂĄtica, o FMI não vĂȘ o novo arcabouço fiscal estabilizando a dĂ­vida do PaĂ­s, que deve seguir em alta nos próximos anos. O Fundo espera que a dĂ­vida pĂșblica bruta do PaĂ­s alcance 86,7% do PIB neste ano, ante 84,7% em 2023. O indicador deve continuar em expansão e atingir o patamar de 90,9% do PIB em 2026, Ășltimo ano do governo Lula.

Contudo, as novas projeções do FMI são melhores do que as do Monitor Fiscal de outubro. Na ocasião, o Fundo previu que a proporção da dĂ­vida versus o PIB do Brasil chegaria a 90,3% jĂĄ neste ano, ante 88,1% em 2023.

Ao seguir elevando o endividamento, o PaĂ­s seguirĂĄ em uma situação pior do que os pares emergentes, cuja mĂ©dia estimada Ă© de 70,3% neste ano. Considerando os cĂĄlculos do FMI para 2024, a dĂ­vida do Brasil como proporção do PIB só perde para paĂ­ses como Egito e Ucrânia. AtĂ© mesmo a Argentina estaria em uma posição um pouco melhor, com uma dĂ­vida de 86,2% do PIB neste ano, projeta o Fundo.

A dĂ­vida bruta como proporção do PIB Ă© um dos principais indicadores de solvĂȘncia de um paĂ­s e avaliado de perto pelas agĂȘncias de classificação de risco. O FMI, porĂ©m, calcula o indicador de forma diferente, considerando os tĂ­tulos do Tesouro detidos pelo Banco Central, que não são levados em conta pelo governo brasileiro.

Fonte: CNN Brasil

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