Com uma vitória significativa, o grupo político liderado pelo ex-prefeito Altair Francisco da Silva voltou à prefeitura de Agudos, após quatro anos, através da eleição do ex-secretário de Educação, Rafael Lima (Republicanos). Com uma vantagem de 10,13% dos votos válidos, a chapa de Rafael Lima somou 11.550 voto, sendo 2.182 votos a mais que o atual prefeito e candidato à reeleição, Fernando Octaviani (MDB), que obteve 9.368 votos. A vitória encerra um ciclo de quatro anos da gestão Octaviani.
Embora impedido de concorrer devido às quatro contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e pela Câmara de Vereadores de Agudos, Altair desempenhou um papel estratégico nos bastidores da campanha, selecionando seu aliado mais próximo, Rafael Lima, para encabeçar a chapa. Lima foi secretário de Educação durante o mandato de Altair (2017-2020) e manteve sua presença em cargo público, atuando como chefe de gabinete da prefeita de Bauru Suéllen Rosim (PSD).
A campanha de Lima foi marcada por um discurso de renovação e mudança, o que gerou certa surpresa, já que muitos o veem como a continuação da gestão anterior de Altair. O vereador Ederson Roberto Mainini, o Kucão (Republicanos), que era líder de Altair na câmara, foi escolhido para compor a chapa como candidato a vice-prefeito, consolidando a influência do grupo político de Altair, ainda que o ex-prefeito tenha se mantido em segundo plano durante a campanha, declarando seu voto apenas na véspera da eleição, quando publicou vídeo de apoio a Rafael.
Quem é Rafael Lima?
Rafael Lima, 39 anos, é reconhecido por sua atuação como secretário de Educação de Agudos durante a gestão Altair, período em que implementou algumas reformas no sistema educacional local.
Um dos temas de debate durante o processo eleitoral é que foi sob a gestão de Rafael em que o telhado da escola Diomira Napoleone Paschoal despencou sobre crianças e funcionários, deixando 19 feridos em abril de 2018. Foi também sob sua batuta que os imbróglios envolvendo a construção de uma escola de tempo integral no bairro Vienense, cujas obras custaram R$ 3 milhões, culminou na cassação do ex-prefeito Altair, que conseguiu retornar ao cargo após decisão judicial.
Ao registrar sua candidatura, o prefeito eleito declarou um patrimônio modesto de R$ 160 mil, valor correspondente a um imóvel, segundo sua prestação de contas à Justiça Eleitoral.
A falta de uma terceira via forte
Embora três candidaturas tenham surgido como tentativas de romper a polarização entre os grupos de Altair e Octaviani, elas não conseguiram emplacar.
Matilde Machado, do partido Mobiliza, Roni Costa, do Agir, e Marcelo Maia, do PDT, juntos, somaram apenas 620 votos (2,88% dos votos válidos), insuficientes para alterar o resultado da eleição.
A pouca expressividade dessas candidaturas reforça a manutenção de um cenário político dominado pelos dois principais grupos, deixando de lado uma verdadeira renovação política em Agudos.
A virada inesperada e os deslizes da campanha de Octaviani
Até os últimos dias da campanha, as pesquisas internas apontavam Fernando Octaviani como o favorito, com uma liderança consistente nas intenções de voto. No entanto, conforme fontes extraoficiais indicam, alguns incidentes e falas controversas de membros de sua equipe minaram sua popularidade nos momentos decisivos. Além disso, a campanha adversária foi ágil em explorar esses deslizes, combinando promessas de mudança e apelos aos eleitores indecisos. Esse cenário culminou na virada de votos na reta final, o que deu a vitória a Rafael Lima, num ambiente de forte polarização política.
O retorno da animosidade na política local
As eleições municipais de 2024 em Agudos foram marcadas por um ambiente de animosidade que remonta às disputas políticas do século passado. Os apoiadores dos dois principais candidatos, Fernando Octaviani e Rafael Lima, envolveram-se em confrontos intensos, tanto nas redes sociais quanto em debates públicos, com ataques pessoais, trocas de ofensas e até violência física, que ultrapassaram o limite do campo político.
Essa guerra de palavras e ressentimentos não se dissipou com o fim da eleição. Mesmo dias após o pleito, a animosidade entre os eleitores continua presente, especialmente nas redes sociais, onde apoiadores de ambos os lados seguem trocando acusações. A permanência desse clima de hostilidade prejudica o foco no bem-estar da população e no bom andamento do cotidiano da cidade, gerando preocupações sobre o impacto que essa divisão pode ter na futura governabilidade do município.
O futuro de Agudos sob Rafael Lima
A expectativa agora se volta para o novo prefeito eleito, Rafael Lima, e sua capacidade de governar e unificar uma cidade dividida. Embora seu grupo político já tenha experiência na administração pública, será desafiador para Lima superar o legado de polarização exacerbada e reestabelecer um clima de governabilidade mais harmônico em Agudos.
A gestão que começa em 2025 terá que lidar com uma cidade politicamente fragmentada e com altos níveis de expectativa, especialmente entre aqueles que votaram na promessa de mudança.
Fator que complica mais ainda, é que Rafael tem minoria na câmara, elegeu 6 dos 13 membros do Legislativo e já deve iniciar o governo tendo uma mesa diretora certamente de oposição.