João tem 62 anos. Procurou médico otorrinolaringologista devido queixa de nariz trancado no lado direito há 03 meses e episódios de sangramento pelo nariz. Foi avaliado pelo médico otorrino que solicitou exame de endoscopia nasal e após tomografia dos seios da face sendo evidenciado um tumor nasal no fundo do nariz. Apresentava pela tomografia erosão para região do olho direito e proximidade com cérebro. Foi submetido à cirurgia nasal pelo otorrino com diagnóstico de papiloma invertido nasossinusal. Segue em acompanhamento médico.
O papiloma invertido foi primeiramente descrito por WARD em 1854 . Tem incidência em torno de 1,5 caso por 100.000 habitantes e corresponde a 0,5-7% de todos os tumores nasais. Ocorre principalmente entre a 5ª e 6ª décadas de vida, com predomínio masculino . A etiologia do papiloma invertido não é clara. Alergia, sinusite crônica, pólipos nasais e carcinógenos ambientais são possíveis fatores associados, sendo o Papiloma Vírus Humano (HPV) o agente mais aceito como fator etiológico. O papiloma invertido tem um padrão de crescimento endofítico, ou seja, da superfície epitelial para o estroma, surgindo geralmente como uma massa polipóide unilateral na fossa nasal.
Apesar de benigno à histologia, é localmente agressivo levando à erosão e destruição óssea, assim como alargamento do complexo óstio-meatal. Tem altos índices de recorrência e 7 a 15% dos casos estão relacionados a tumores malignos, sendo o carcinoma de células escamosas o tipo histológico mais freqüente. A maioria dos casos de papiloma invertido é unifocal, podendo haver envolvimento multifocal em até 4% dos pacientes. O acometimento bilateral é descrito em 0 a 13% dos casos na literatura, ocorrendo principalmente por extensão da doença de uma fossa nasal para a fossa contralateral através do septo nasal. Raramente, pode ocorrer passagem para o outro lado pelas paredes do esfenóide ou haver lesões independentes em cada lado. O papiloma invertido origina-se mais freqüentemente da parede lateral do nariz, ao nível do meato médio. Em 89% dos casos há envolvimento da fossa nasal associado aos seios paranasais. Em apenas 5% dos pacientes há acometimento sinusal exclusivo, em geral ocorrendo nos seios maxilar e etmoidal.
Os sintomas são obstrução nasal, cefaléia (dor facial), episódios de sangramento nasal e rinorréia (coriza nasal). Pode apresentar sintomas oculares. É extremamente importante avaliação do médico otorrinolaringologista para avaliação do quadro e diagnóstico correto das possíveis lesões graves do nariz como papiloma invertido e tumores do nariz.
Dr. Eduardo Carvalho de Andrade Médico Otorrilaringologista R.Q.E. 50139 - CRM: 106325