Dezembro chega como quem se despede e acolhe ao mesmo tempo. É um mês que respira entre o ontem e o amanhã, um instante em que o tempo parece suspenso, balançando entre o canto das cigarras e o brilho das luzes nas janelas.
Os dias trazem um cheiro de fruta madura, de terra aquecida, de maresia que invade os sonhos de quem planeja uma fuga breve. Dezembro é cheio de promessas — de encontros, de risos, de novos inícios —, mas também carrega nos ombros o peso das lembranças.
As manhãs têm pressa, como se corressem para alcançar o próximo ano. Já as tardes, longas e douradas, se espreguiçam devagar, estendendo-se entre sombras e calores, enquanto crianças brincam na rua, suas risadas soltas no ar como pipas no céu.
E as noites... ah, as noites de dezembro têm um brilho único. Não é só o das estrelas ou das luzes coloridas que piscam nas árvores. É o brilho da esperança, da expectativa. É um brilho que mora nos olhos das pessoas, mesmo nas mais cansadas, mesmo nas que perderam a fé nos calendários. Dezembro tem o dom de acender fagulhas adormecidas.
No entanto, dezembro também é silêncio. É o momento em que, ao final de um dia abafado, o vento surge e parece nos sussurrar segredos antigos. É o tempo das cartas não enviadas, das histórias que ficaram pela metade, dos abraços que talvez nunca mais serão dados. Mas é também o tempo da renovação, do recomeço que já se anuncia, mesmo que ainda tímido.
Dezembro é poeta. Rabisca versos nos céus alaranjados do entardecer, canta melodias no tilintar dos sinos e no farfalhar das árvores ao vento. E, como Cecília, Mesmo sem perceber, cantamos a melodia do tempo, aceitando seus passos ligeiros e suas pausas lentas.
E quando o mês termina, ficamos prontos para mais um giro da roda da vida, para mais um ciclo que renasce!
Prazer, sou Vera Lúcia Ravagnani, eu conto histórias e ajudo pessoas a contarem suas
próprias histórias em verso ou prosa.