Tradicionalmente, o mês de agosto, também conhecido como "agosto dourado", é o "mês do aleitamento materno", instituído através da lei nº 13.435 de 2017 (determina que, no decorrer do mês, "serão intensificadas ações intersetoriais de conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno..."). A primeira semana é dedicada às ações que visam o incentivo e fortalecimento à amamentação como palestras, reuniões com a comunidade, divulgação em espaços públicos e decoração com a cor dourada, ou seja, relembrando sobre a importância do aleitamento materno.
Dizemos que a amamentação inicia-se antes da gravidez. As mulheres têm muitas dúvidas em relação ao aleitamento materno, principalmente aquelas que ainda não engravidaram ou não tiveram a oportunidade de acompanhar alguém amamentando. Não deixa de ser uma situação "misteriosa" para a futura mãe. Cabe a nós, profissionais da saúde, desmistificarmos e auxiliá-la a se preparar para essa fase tão importante, para ela e para o bebê que vai nascer.
Várias crenças como "mama caída", "bico invertido", "leite fraco" e "mama pequena", muitas vezes transmitidas por várias gerações, acompanham essas gestantes. Assim que as mulheres passam a amamentar percebem que as afirmações acima não possuem fundamentos e veem que seu leite possui todos os nutrientes em concentrações adequadas para o crescimento e desenvolvimento do bebê.
O leite materno possui vitaminas, minerais, proteínas, gorduras e água nas medidas certas para o bebê crescer de maneira saudável. Além disso, também possui quantidade imensa de anticorpos para proteger o bebê contra infecções e alergias, aumentando, assim, suas defesas naturais. E tudo isso é fornecido de maneira gratuita!
Os bebês amamentados no peito ficam menos doentes, crescem de maneira saudável, ganham peso de maneira adequada (pois não ficam obesos diminuindo, assim, o risco de colesterol alto, diabetes e hipertensão arterial) e desenvolvem sua face (usam menos aparelhos dentários). Se ficarem doentes, recuperam-se rapidamente. E têm menos alergias, principalmente alimentares.
Esses benefícios continuam mesmo após terminar o período de amamentação.
E para a mãe? A amamentação traz inúmeros benefícios a começar pelo maior vínculo afetivo com o bebê. A mãe que amamenta acelera sua recuperação após o parto (pois diminui o sangramento) e perde peso rapidamente e, no futuro, tem menos câncer de mama e de útero. O aleitamento materno também evita a osteoporose e protege contra doenças cardiovasculares (como infartos e derrames).
Atualmente há poucas contraindicações absolutas para a amamentação e referem-se a algumas doenças infecciosas e alguns medicamentos que a mãe utiliza. Conversem com seu médico (pediatra, ginecologista ou o médico de família) se tiverem alguma dúvida.
Aqui na cidade temos o privilégio de contar com a "sala do aconchego" (fica no Centro de Saúde 2) e a recém inaugurada Rede Gestar, espaços idealizados para acolher as mães que estão com dúvidas e dificuldades na amamentação. Esses serviços estão disponíveis, de forma gratuita, para toda a população, inclusive para os pacientes que não são usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
A melhor maneira de ajudar as mães a amamentar é acolhê-las, respeitálas e esclarecer suas dúvidas. Dessa maneira nossas crianças irão crescer de maneira saudável e o número de doenças crônicas nas mulheres irá diminuir.
Dr Eli Roberto Garcia Filho
CRM-SP 104.828.
Alergologista pediatra,
RQE 66080/660801