Síndrome mão-pé-boca (MPB).

Por Jornal Cidade de Agudos em 11/03/2023 às 07:10:56

Novamente estamos vivendo um surto de síndrome mão-pé-boca, coincidindo com a volta das crianças para escola. O convívio social, aliado a um relaxamento nas medidas de higiene pessoal e coletiva causam um aumento no número de casos dessa doença. Mas qual é a causa dela?

Assim como as doenças respiratórias, ela também é causada por um vírus altamente contagioso, o coxsackie, que ataca principalmente o aparelho digestivo. A principal característica é a formação de pequenas bolhas na pele das mãos e pés, além de aftas na mucosa oral (daí vem a sua denominação). Aparecem febre alta, além de náuseas, vômitos e diarreia aproximadamente dois dias antes do aparecimento das lesões. O mais curioso é que a febre cessa repentinamente, aparecendo as lesões em seguida. Iniciam-se pela boca ou pelas extremidades do corpo. Na mucosa oral surgem aftas muito dolorosas, levando a dificuldades na deglutição, principalmente de alimentos sólidos.

A resolução é espontânea, sem deixar sequelas na grande maioria dos casos. A doença tem ciclo de até duas semanas, sendo que pode haver um intervalo de melhora dentro do quadro clínico, com novo aparecimento de febre e das lesões. Após esse tempo, a doença cessa e surge descamação da pele nos locais onde existiam as bolhas. Também é comum haver descolamento das unhas.

Assim que a MPB é diagnosticada, a criança deve permanecer em repouso em casa e aumentar a ingesta hídrica, além de melhorar a sua alimentação. Recomenda-se oferecer alimentos pastosos como purês, mingaus, gelatinas e sorvetes. Bebidas geladas, como sucos naturais, chás e água são indispensáveis e necessárias para manter a hidratação.

A terapia é basicamente sintomática, sendo utilizadas medicações antitérmicas e anti-inflamatórias, além de orientar a ingestão de líquidos. Nos casos graves, onde há grande recusa dos alimentos, optamos pelo tratamento hospitalar. Mas não há um remédio específico que irá acelerar a cura.

O mais importante é a prevenção! Mais uma vez insistimos na lavagem das mãos sempre que for manipular a criança, além de estimulá-las a realizar a própria higiene pessoal. O uso de álcool gel também é recomendado. Além disso, recomendamos higienizar as superfícies, objetos, brinquedos e maçanetas que possam ter contato direto com a saliva, secreções e fezes. Não devemos compartilhar mamadeiras, talheres, copos e lençóis. Por ser um vírus intestinal, torna-se útil, após a evacuação, limpar o vaso com água sanitária. A criança deve ser afastada imediatamente do convívio social assim que iniciarem os sintomas.

O tratamento da MPB deve ser orientado pelo pediatra ou clínico geral e a automedicação deve ser evitada a todo custo. Realizando as medidas de higiene adequada o surto cessa rapidamente, possibilitando a volta das crianças para o local de onde nunca deveriam ter saído: a escola!!

Grande abraço a todos e ficamos à disposição.

Dr Eli Roberto Garcia Filho

CRM-SP 104.828

Médico alergologista pediatra

RQE: 66080/660801

Anuncie
anuncie aqui