A decisão da Alemanha de autorizar o envio de tanques Leopard, fabricados no país, à Ucrânia mudou a expectativa dos agentes internacionais sobre o fim da guerra causada pela invasão russa. Com o reforço dos veículos de combate, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) previu a vitória de Kiev para "manter o país independente".
Logo após o anúncio do governo alemão, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, comemorou e disse, nesta quarta-feira (25), no Twitter, que o reforço dos tanques "pode ajudar a Ucrânia a ganhar".
"Em um momento crítico da guerra da Rússia, [os tanques] podem ajudar a Ucrânia a se defender, ganhar e prevalecer como nação independente."
O conflito no Leste Europeu não só provoca a escassez de gás e a escalada de preços no velho continente, mas também afeta o fornecimento de matérias-primas em todo o planeta.
O governo alemão enfrentava uma forte pressão para autorizar os países da UE (União Europeia) que possuem tanques Leopard, fabricados na Alemanha, a ceder esses equipamentos blindados às forças ucranianas.
Finalmente, diante de um pedido formal apresentado pela Polônia, os alemães liberaram hoje o envio. Inicialmente, a Alemanha vai mandar 14 unidades, e a Polônia afirmou que vai enviar 14.
Porém, o chanceler alemão, Olaf Scholz, mandou um recado ao mundo a fim de desvincular a Alemanha do posto de líder mundial da oposição à Rússia.
"Em tudo o que fazemos, devemos sempre deixar claro que fazemos o necessário e o possível para apoiar a Ucrânia. Ao mesmo tempo, temos que impedir que o conflito escale para uma guerra entre Rússia e Otan."
A Rússia disse, por seu lado, que os tanques Leopard enviados à Ucrânia "vão arder" e que os países ocidentais "superestimam o potencial" desses blindados.
Nesta semana, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a autorização de envio de tanques alemães à Ucrânia deixaria uma "marca duradoura" no futuro das relações entre Moscou e Berlim.
O Leopard 2 é um veículo de combate reconhecido mundialmente por sua potência e capaz de ter um impacto "significativo" no campo de batalha. O tanque combina poder de fogo, agilidade e proteção.
Projetado pelo fabricante alemão Krauss-Maffei, foi fabricado em série desde o fim dos anos 1970 para substituir tanques americanos M48 Patton e os antecessores, os Leopard 1. Até agora, 3.500 unidades saíram das cadeias de produção.
Com peso de 60 toneladas e um canhão de calibre 120 mm, é capaz de disparar em movimento. Seu motor, de 1.500 cavalos de potência, permite uma velocidade máxima de 70 km/h, e a autonomia chega a 450 km.
Também é, segundo o fabricante, dotado de "blindagem passiva integral", eficaz contra minas e foguetes. Conta ainda com ferramentas tecnológicas que localizam e atacam o inimigo em longas distâncias.
Além de Alemanha e Polônia, a Espanha está "disposta" a enviar tanques de combate alemães Leopard para a Ucrânia depois que a Alemanha autorizou os países europeus a fornecerem, para Kiev, quaisquer veículos blindados que possuam, disse a ministra da Defesa, Margarita Robles, nesta quarta-feira (25).
Em entrevista transmitida pela televisão pública, Robles afirmou que "a Espanha está disposta, dentro dessa coordenação, a negociar com nossos aliados [o] envio do Leopard". A ministra acrescentou que Madri está pronta para oferecer "manutenção e treinamento" para a operação desses equipamentos.
Robles não deu detalhes de quando a ajuda seria enviada nem quantos veículos blindados podem ser fornecidos a Kiev.