O inquérito vai apurar se houve prática abusiva, descumprimento de cláusulas contratuais e outras violações de diretos de consumidores. São pelo menos 24 casos de famílias que usaram as economias para realizar um sonho e que perderam milhares de reais.
O Ministério Público de São Paulo abriu investigação contra uma agência de intercâmbio que vendeu e não entregou pacotes de viagens para clientes de várias partes do Brasil. O inquérito vai apurar se houve prática abusiva, descumprimento de cláusulas contratuais e outras violações de diretos de consumidores.
São pelo menos 24 casos de famílias que usaram as economias para realizar um sonho e que perderam milhares de reais. Os processos de danos materiais e morais contra a Agnus Intercâmbio foram registrados no Tribunal de Justiça de São Paulo.
No inquérito, a Promotoria aponta que há quatro anos a Agnus vende intercâmbios falsos para pessoas de todo país.
A autônoma Fernanda Rodrigues foi uma das clientes que registrou um boletim de ocorrência por estelionato contra a agência de intercâmbio. Ela investiu R$ 34 mil para as três filhas fazerem um intercâmbio de 15 dias em Londres - a empresa cuidaria das passagens, seguro-viagem, hospedagem em casa de família e matrícula no curso -, mas a viagem ficou só no sonho. Em uma mensagem para a escola de Londres, ela descobriu que nem havia matrícula no nome das filhas.
"Eles simplesmente sumiram. Sumiram e eu falei: "Cadê? Me dá as passagens então". Depois de tudo isso que eu cobrei a passagem, ela mandou assim em uma mensagem: "Como não houve acordo, estou cancelando o contrato". Como assim não houve acordo? Que acordo? Não houve acordo da parte de vocês, vocês não cumpriram com o contrato".
A recreadora Katiane Ferreira foi viajar, tirou fotos, mas as férias não foram completas. Ela também registrou um boletim de ocorrência contra a Agnus para tentar reaver os R$ 3 mil reais que pagou por um curso de espanhol no Chile e que não conseguiu fazer. Ela falou com o Jornal Hoje do aeroporto de Santiago, antes de voltar para o Brasil. Contou que só viajou porque já tinha pagado a passagem e a hospedagem por conta própria.
"A escola existe, tudo certinho. Entrei em contato com a escola, porém a agência que eu fechei o curso simplesmente não repassou pagamento nenhum. Não constava nada lá. E aí fiquei no Chile, praticamente largada até hoje".
O Procon de São Paulo também está de olho na empresa e apura 12 reclamações. O diretor de atendimento orienta que, ao fechar um pacote de viagens, o consumidor confira se a agência fez de fato todas as reservas combinadas.
"Há uma agência que vende. Então, ela vendeu uma passagem de uma companhia aérea, uma hospedagem de uma outra empresa ou o curso de uma instituição de ensino. Ela vai fazer a intermediação. Porém, o consumidor pode fazer esse contato com as empresas que foram contratadas pela intermediadora. Essa talvez seja uma segurança que ele possa ter", afirma Rodrigo Tritapepe.
O JH ligou para o número da agência que está na internet e também para outros números que a Agnus usou para falar com os clientes, mas sem sucesso.
O produtor Alan Schneider, da TV Tem, afiliada da Globo, foi até a sede da empresa no interior de São Paulo, na manhã da última terça-feira (2). O escritório parece abandonado.