Repercute nas redes sociais, nesta terça-feira (15), o caso de um menino de 9 anos que teria matado 23 animais de um hospital veterinário, na cidade de Na Fátima, ao longo de 40 minutos. A violência contra coelhos e porquinhos da índia foi filmada e admitida pelo garoto posteriormente. Em postagens e comentários, não é difícil encontrar pessoas revoltadas que chame a criança de psicopata ou a compare à histórias de assassinos conhecidos pelo grande público. Mas, afinal, é possível falar em psicopatia neste casoé possível ter diagnóstico sobre Transtorno de Personalidade Antissocial (TPA) ou psicopatia antes dos 18 anos. Isso acontece porque crianças e adolescentes ainda estão vivendo desenvolvimento humano dos pontos de vista biológico, psicológico e social.
Somente profissionais da área da saúde mental, como um psiquiatra ou psicólogo clínico, podem diagnosticar psicopatia quando o indivíduo já é adulto.
Segundo Rosana, a recomendação para o ocorrido no Paraná não é de busca de um diagnóstico para crianças após um caso episódico, mas o acompanhamento multidisciplinar do indivíduo ao longo do tempo.
Além de psicólogos, é importante que o trabalho seja feito também por assistentes sociais, médicos e educadores.
A primeira coisa a se fazer é preservar a criança da exposição midiática, protegê-la da caça às bruxas. Depois, é preciso ter cuidado e tempo para fazer um estudo psicossocial com uma equipe multidisciplinar, sem dizer que há indícios disso ou aquilo.
A gente não aponta caminhos baseados em indícios, mas em fundamentação científica e, isso demanda estudo, método, técnicas profissionais que levam tempo. É preciso ter cuidado para não responder ao imediatismo que as pessoas querem", explica Rosana.
Para a psicóloga, muitas pessoas buscam respostas simples para uma situação que é bastante complexa.
O Brasil está enfrentando um frenesi com a compra de (filmes e séries) enlatados norte-americanos sobre psicopatas e serial killers, isso é algo que mobiliza. As pessoas acabam perdendo a crítica e o distanciamento entre o que é arte e a realidade. Além disso, temos a questão do excesso de diagnósticos que a psicopatologização traz para a sociedade. Hoje, as pessoas entram na internet e, a partir de sinais isolados, buscam diagnósticos para elas e para as pessoas mais próximas", afirma.
Rosana Taveira
CRP: 06/103931
Psicóloga brasileira em Portugal
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