Dólar abaixo de R$6: respiro ou tendência?

Especialistas analisam fatores que influenciam a cotação e perspectivas futuras.

Por Jornal Cidade de Agudos em 23/01/2025 às 10:21:29

Na última quarta-feira (22/01/2025), o dólar fechou abaixo dos R$ 6 pela primeira vez desde 11 de dezembro, marcando R$ 5,9463.

A principal dúvida é se essa baixa é apenas temporária ou o início de uma tendência. Especialistas apontam que a manutenção da moeda americana abaixo de R$ 6 depende de diversos fatores.

Segundo Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, o recuo do dólar foi impulsionado por uma combinação de fatores internos e externos. O fluxo de capital estrangeiro para o Brasil, já esperado pelo mercado, contribuiu para a redução da cotação.

"A postura de Trump reduz as tensões globais e diminui a busca por ativos de proteção, como o dólar. Isso tende a beneficiar moedas emergentes, como o real, que podem se valorizar devido à melhora do apetite por risco." concluiu Gusmão.

Além disso, a redução de tensões comerciais globais e a maior estabilidade nos mercados internacionais também fortaleceram o real, seguindo a tendência de valorização observada em outras moedas emergentes, como o peso mexicano e o peso colombiano.

Internamente, a apresentação de prioridades econômicas pelo governo brasileiro, incluindo propostas fiscais e tributárias, também contribuiu para reduzir a incerteza e melhorar a confiança do mercado.

O professor Marcos Piellusch, da Fia Business School, destaca o impacto das políticas comerciais de Donald Trump. Inicialmente, a proposta de tarifas sobre importações da China gerou incerteza. No entanto, a postura mais moderada de Trump, com redução de tarifas, contribuiu para amenizar a pressão sobre o dólar.

"Ele geralmente começa com medidas agressivas, para então abrir espaço para negociações... Essa tática visa, de forma indireta, pressionar os parceiros comerciais a aceitar condições mais favoráveis aos interesses dos EUA." disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

Embora tarifas possam beneficiar setores domésticos, elas também elevam tensões comerciais e aumentam a incerteza global, pressionando a valorização do dólar como ativo de refúgio. O fortalecimento do dólar pode encarecer produtos americanos exportados, reduzindo a competitividade e podendo gerar retaliações comerciais.

As políticas fiscais brasileiras também influenciam a cotação do dólar. Medidas que sinalizam responsabilidade fiscal podem melhorar a percepção de risco do país e reduzir a pressão sobre a moeda americana. Por outro lado, incertezas sobre a aprovação de reformas fiscais no Congresso podem gerar volatilidade no câmbio.

José Faria Júnior, CEO da Wagner Investimentos, acredita em uma leve queda do dólar nas próximas semanas, mas considera difícil uma queda abaixo de R$ 5,80 no curto prazo. Ele destaca eventos como as reuniões do Federal Reserve (Fed) e do Copom, além do Payroll e do CPI dos EUA, como fatores que podem movimentar a taxa de câmbio.

Para Alison Correia, analista de investimentos, a manutenção do dólar abaixo de R$ 6,00 depende também de sinais positivos do Congresso sobre a contenção de gastos públicos. O Congresso retoma os trabalhos em 1° de fevereiro.

*Reportagem produzida com auxílio de IA

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