Os tais "terroristas"

Por Jornal Cidade de Agudos em 21/01/2023 às 08:32:04

O ataque às palavras começou via certa espécie de hipérbole conceitual, na qual uma alegada agressão policial virava "massacre", uma remoção de viciados em crack se tornava "higienização social", morte de bandidos em confronto era "assassinato em massa", manifestantes pacíficos não passavam de "fascistas" e tudo, absolutamente qualquer coisa, era uma inaceitável, vampiresca falta de "direitos humanos"; o "nazismo" campeava no País, tão corriqueiro quanto a feira dominical. Até o verbete "genocida" perdeu seu sentido real. Virou xingamento. Em suma, valia qualquer parada para classificar o governo Bolsonaro como a pior situação em que um ser humano poderia se meter desde o Dilúvio. O Brasil era – na visão dessa gente – um inferno que tornaria o descrito por Dante n"A Divina Comédia um alegre convescote familiar. Mas, com a redenção lulista de 1º de janeiro, tudo mudou num segundo, e o "pesadelo" acabou. Até a chegada dos tais "terroristas".

Pois é. Já que o dicionário só serve para elevar o monitor do PC ou segurar porta, é importante lembrar seu lugar num passado não muito distante, quando palavras só significavam aquilo que era convencionado, fruto da etimologia e da Língua Portuguesa. Agora, exatamente como sexualidade, etnia, gênero, e até mesmo a própria natureza humana, palavras significam aquilo que a gente quiser, para satisfação dos manipuladores e absoluta ausência de clareza no ato de comunicar. Não é fantástico? Tudo é "fluído", inclusive o significado dos vocábulos!

E se torcer o sentido da linguagem for insuficiente? Ora, para que sofrer com amarras nazifascistas neoliberais? O céu é o limite, e estão aí os "todes" "amigues" e tantas outras demências criadas com a intenção única de tolher o pensamento livre e tornar o cidadão um escravo intelectual, através de uma pretensa "igualdade" linguística. A ideia não é nova; foi brilhantemente analisada no livro 1984, de George Orwell; trata-se de uma denúncia do totalitarismo de esquerda que se revelou nada menos que profética.

E chegamos aos "terroristas". O dicionário Michaelis (atenção: dicionário da Língua Portuguesa, e não manuais marighellenses de pseudolinguagem), define terrorismo como "uso sistemático de violência como meio de repreensão", descrição precisa de organizações como o MST nacional, o palestino Hamas ou o apátrida Estado Islâmico, os dois primeiros idolatrados pela esquerda. Esses sim são movimentos terroristas, não como mera opinião, mas sim por estrita definição de um dicionário de respeito. Outras interpretações são apenas manipulação cheia de má fé.

Portanto, aquelas pessoas que invadiram as cúpulas dos três poderes em Brasília podem ser muita coisa: Manifestantes genuínos, ingênuos, vândalos, inocentes úteis ou não, alguns fanáticos, iludidos ou apenas revoltados autênticos com a atual situação do Brasil. Alguns cometeram atos criminosos, é forçoso admitir. Mas não são e jamais poderiam ser classificados como "terroristas", como quer a mídia de extrema esquerda e até mesmo o ministro Alexandre de Moraes (STF) ao definir assim milhares de manifestantes desarmados (incluindo idosos, mulheres e crianças). O mais espantoso é que esse mesmo sujeito, que já os condenou antecipadamente como "terroristas", vai julgá-los, ao arrepio da lei e da Constituição, que impede que o STF julgue cidadãos sem foro privilegiado. É a completa desmoralização do sistema judiciário brasileiro; condena-se para depois julgar quem nem ao menos pode ser julgado.

De outro lado, os milhões de brasileiros ordeiros, trabalhadores, honestos, principalmente os que ainda sabem utilizar um dicionário e não uma cartilha maoísta, aguardam ansiosamente que a fúria e a rapidez demonstrada contra os manifestantes em Brasília, criminosos ou não, seja a mesma contra assassinos, estupradores e traficantes que em tão grande número afligem os cidadãos de bem.

Na última quinta (12/01) a atual ministra da Cultura deu entrevista sobre os danos das invasões e afirmou que "houveram prejuízos". Taspariu… a ministra da Cultura (!) não sabe conjugar o verbo haver e desconhece concordância. Não é à toa que essa gente venera Paulo Freire e fala "todes". Desejam ardentemente tolher não só o pensamento livre, mas a própria linguagem como último meio de comunicação e raciocínio disponível no mercado prostituído.

Fernando Montes Lopes

Advogado e Professor Universitário

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