Atualmente, as doenças gripais correspondem a mais de 90% dos atendimentos nas unidades de saúde, tanto básicas quanto de urgência e emergência. Essa síndrome é conceituada como início súbito de febre, tosse, coriza, dor de garganta e dor no corpo, aparecendo comprometimento pulmonar nos casos mais grave.
Diversos vírus causam gripes, incluindo os coronavírus. Também podemos destacar o adenovírus, rinovírus, sincicial respiratório, parainfluenza, influenza, entre outros. É muito difícil descobrir o causador apenas com os sinais e sintomas. Para isso, são necessários exames complementares (e caros) para distinguir o agente dessa doença. Porém, o tratamento é idêntico, mudando apenas nos casos considerados graves.
No momento, os vírus com maiores relevâncias epidemiológicas são o Sars-Cov-2 e o influenza, sendo que há semelhanças e diferenças entre eles. Em relação às primeiras, ambos são contagiosos, têm mecanismos de transmissão semelhantes (através de gotículas respiratórias) e os sintomas são muito parecidos. Os dois também podem causar doenças graves como sinusites e pneumonias, necessitando de internações em hospitais de grande porte.
Entre as segundas, esses vírus são de famílias distintas. A transmissão da influenza começa um dia antes do início dos sintomas e, diferentemente da COVID-19, os maiores transmissores são as crianças. A recuperação da gripe pelo influenza costuma ser completa, enquanto ainda temos poucos conhecimentos em relação ao coronavírus. Sabemos que idade avançada, obesidade e diabetes são fatores de risco para complicações pelo Sars-Cov-2, ao passo que a influenza se torna preocupante em crianças pré-escolares, gestantes e portadores de doenças crônicas (independentemente da idade). O quadro clínico da influenza costuma iniciar-se de maneira mais abrupta, ou seja, com febre alta, comprometimento do estado geral, tosse, falta de ar e dor no corpo logo no primeiro dia, enquanto a COVID 19 começa de maneira mais branda, com pouca febre e tosse, piorando com o passar dos dias. E existem tratamentos específicos e imunizantes contra o influenza, enquanto que utilizamos medicações sintomáticas para combater o Sarss-Cov-2 e seus imunizantes, apesar de estarem disponíveis, ainda se situam em fase experimental, porém com resultados excelentes após início dessa vacinação (queda dos números de pacientes internados e mortes).
Entre os outros vírus relevantes destacam-se os sinciciais respiratórios, rinovírus (ambos causam tosse e falta de ar em menores de um ano de idade), adenovírus (que, além dos sintomas gripais, causam diarreia) e o parainfluenza (causando rouquidão e tosse "de cachorro", principalmente em menores de 5 anos de idade
Visto isso torna-se importante alertar para as campanhas nacionais de vacinação contra influenza e COVID-19. Existem muitos mitos sobre essas vacinas, como ficar gripado ou adquirir uma complicação. Não foi provado que esses imunizantes causaram danos graves em quem os recebeu. A maioria desses pacientes já eram portadores de rinite ou asma não controladas e associaram os sintomas alérgicos ao desenvolvimento de uma gripe. Em alguns casos o paciente estava no período de incubação de uma síndrome gripal relacionada a outros vírus que dissemos acima e desenvolveram os mesmos sintomas. Nossa função é orientar que os benefícios das vacinas são infinitamente maiores que os possíveis riscos de reações adversas. E, ao contrário do que é dito, elas não causam gripe pois são feitas com o vírus inativado.
Toda a população deveria se vacinar contra influenza, independentemente da idade e das condições de saúde. Sabemos da complexidade e das dimensões continentais do território brasileiro além das dificuldades de acesso em alguns locais. Por isso há prioridade na vacinação de crianças, gestantes e idosos. Mas sempre estimulamos a tomar vacinas, mesmo na rede particular, além de aplaudir a iniciativa de algumas empresas em oferecê-la aos seus funcionários. Sendo possível, vacinem-se também contra pneumonia, maior complicação da influenza. Também apoiamos a vacinação de crianças e adolescentes contra o Sars-Cov-2 pelas mesmas razões descritas acima.
Devemos deixar mitos e inverdades de lado. A vacina contra ambas é segura e eficaz. O preço do imunizante contra influenza não é proibitivo, possibilitando sua aplicação em clínicas particulares. E lembrar que se trata de um investimento pois sempre será bem mais caro tratar a doença do que a sua prevenção.
Fica o alerta e continuo à disposição para eventuais dúvidas.
Dr Eli Roberto Garcia Filho
CRM-SP 104.828
Alergologista pediatra, fazendo votos para que a situação volte ao normal o mais breve possível e sempre defendendo a vacinação.
RQE 66080/660801