Quando falamos em alergias,pensamos em coceira na pele, tosse e nariz entupido. Apesar desses sintomas isolados estarem presentes na grande maioria das queixas alérgicas, não podemos nos esquecer das reações graves, também conhecidas como "anafilaxia" (do grego ana: ausência; phylaxis: proteção), cujo desfecho pode ser fatal.
Os desencadeantes podem ser estímulos inalatórios, alimentares, medicamentos e substâncias químicas como venenos de insetos e látex. Coceira é apenas um dos sintomas, apresentando, também, muita falta de ar, inchaços pelo corpo e na garganta, diarreia, vômitos e quedaabrupta da pressão arterial. Nesses casos, o tratamento precoce é de fundamental importância para salvar a vida do paciente. A resolução é imediata, possibilitando, assim, a ida ao serviço de emergência mais próximo. A investigação da possível causa será feita posteriormente.
Trata-se de uma emergência! O paciente deve ser levado na mesma hora ao serviço médico de urgência para tratamento. Porém, a instalação do quadro é muito rápida, fazendo com que o doente, algumas vezes, não tenha chance de chegar lá. Principalmente se residirem nas zonas rurais ou não possuírem meios de locomoção próprios para ir aos prontos-socorros. Nesse caso, é imperioso portar medicação de resgate.
A única medicação que existe para cessar o quadro de emergência é a adrenalina.Esses pacientes, assim como seus acompanhantes, devem ser instruídos a portá-lae utilizá-la no caso de reações alérgicas graves. Também devem ser informados de como reconhecer um quando grave de alergia. A adrenalina é fornecida em um dispositivo autoinjetável, ou seja, para que pessoas leigas sejam capazes de aplicá-la sem dificuldades. Após o uso dela, deve-se encaminhar o paciente ao serviço de pronto atendimento médico mais próximo.
O maior problema é que esse dispositivo não é vendido em nosso país. O paciente deve importá-lo e seu preço não é acessível para a maioria deles. Porém, é a única medicação capaz de salvar suas vidas e, portanto, todo esforço é válido para adquiri-lo.
O Brasil é o único país do mundo que não possui essa medicação importantíssima para preservar a vida desses pacientes. A ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia) iniciou um trabalho de notificação dos quadros de anafilaxia para, assim, tentar sensibilizar as autoridades sobre a importância da fabricação desse dispositivo por aqui. Oxalá que seja liberada o mais breve possível.
E novamente me mantenho à disposição para ajudar e responder às dúvidas que surgirem.
Dr Eli Roberto Garcia Filho
CRM-SP 104.828
Médico alergologista pediatra
RQE: 66080/660801