Como o artigo sobre acidentes com escorpiões teve boa receptividade, torna-se oportuno matéria sobre os demais animais peçonhentos. O objetivo sempre é prevenir tais ocorrências. Nossa região possui remanescentes de mata atlântica e, portanto, é propícia ao aparecimento de serpentes. Não é raro encontrarmos esses répteis na rua, ou seja, fora de seu ecossistema. A maioria das cobras que encontramos na área urbana não são peçonhentas, porém alguma venenosa pode circular pela cidade e, entre elas, a maior parte é do gênero Bothrops, também conhecida como jararaca. Ao encontrar alguma delas devemos entrar em contato com o Corpo de Bombeiros para que eles façam a captura da maneira adequada e a devolvam ao seu habitat. Também não podemos nos esquecer das aranhas, seres que possuem parentesco com os escorpiões. Ao contrário dos escorpiões, que picam apenas se forem manipulados, existem espécies agressivas de aranhas que atacam e picam para se defender. Assim como seus primos, a grande maioria desses acidentes são leves, apresentando apenas sintomas locais, porém não podemos nos esquecer das aranhas marrom e armadeira, que podem habitar nossos quintais e causar acidentes graves, havendo necessidade de soroterapia. Abelhas, vespas e formigas também são animais peçonhentos pois injetam seu veneno através de um "ferrão". Seus venenos são muito parecidos e podem causar alergias graves, principalmente no caso de múltiplas picadas. Não há soro específico para essas substâncias e o tratamento deve ser dirigido para cessar as reações alérgicas. Elas também atacam para se defender e por isso não devemos chegar perto dos seus ninhos. Caso encontre colméias em casa, recomenda-se entrar em contato com pessoas especializadas para recolhê-la e levá-la para lugares seguros. Porém, esses animais exercem um papel importantíssimo no equilíbrio ecológico. As serpentes existem desde a época dos dinossauros e é incrível como se adaptaram sem o uso de membros. São predadoras naturais de ratos e outras pragas urbanas. As aranhas caçam insetos como baratas e moscas que, como sabemos, são transmissoras de doenças, além de alimentarem-se de escorpiões e de outros aracnídeos. As abelhas e vespas são agentes importantes na polinização das flores e fabricação de mel. E todos eles fazem parte da cadeia alimentar de animais maiores. Os maiores culpados pela proliferação desses bichos no meio urbano são os homens, que ainda não aprenderam a conviverem harmonia com a natureza, fazendo com que as cidades crescessem sem planejamento urbano, juntamente com o péssimo hábito de jogar lixos e entulhos nos terrenos vazios. Cada cidadão precisa fazer a sua parte para evitar tais acidentes. E, encontrando algum animal suspeito na rua, entrar em contato comas autoridades responsáveis. Como já dito na semana passada, é útil ter o rol dos locais de referência para o tratamento com acidentes envolvendo animais peçonhentos. Na nossa região, as unidades de referência são a UPA BelaVista (crianças) e Pronto-socorro central (adultos), ambos em Bauru, porém consegue-se facilmente essa lista através do endereço https://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/unidades-de-referencia/peconhentos_unidades.pdfA prevenção inicia-se conosco. Protejam-se!
Dr Eli Roberto Garcia Filho
CRM-SP 104.828
Médico alergologista pediatra
RQE: 66080/660801