NÃO SEI O FUTURO

Por Jornal Cidade de Agudos em 31/12/2022 às 12:02:00

Nunca me senti tão confusa, tão aparvalhada, tão perturbada como agora. Sempre que me sento diante do notebook tenho algumas ideias na cabeça, às vezes muito claras, outras vezes simples esboço, que a cabeça vai desenvolvendo e tornando mais palatável, senão para o leitor, pelo menos para mim.

Hoje não me ocorre nada que possa tentar prender o leitor. Sei perfeitamente porquê. É essa situação caótica do país que está deixando todo mundo maluco. Isso tudo não precisaria estar acontecendo se as eleições tivessem ocorrido dentro de um clima sereno, legal, sem fake news nem ameaças à liberdade. Acontece que tudo já começou errado a quem quer de direito permitir que um ex presidiário concorresse ao pleito. Teria sido ingenuidade ou maldade planejada? Só sei que, a partir daí e da expressão de o ministro Barroso "eleição não se ganha, toma-se", o povo, que não é bobo, foi sendo invadido por uma onda de preferência e predileção. A partir daí as coisas foram degringolando e o caos instalou-se e foi aumentando com atitudes mais hostis do TSE, principalmente com as palavras grosseiras e rudes desse mesmo ministro que, quando quer, tem um português castiço. Só para relembrar o refrão do escorreito ministro: "Perdeu mané, não amola." Se um presidiário proferisse estas palavras, estaria corretíssimo, adequadíssimo. Isso é linguagem de contrabandista, fora da Lei.

A partir daí foram ocorrendo ameaças, prisões, multas... A liberdade de expressão ameaçada, declarações de que outras prisões e multas estariam por vir, porque há muita gente ainda a ser "monitorada". O clima continua tenso a ponto de se passar quatro horas diante da televisão, temendo o espectro de uma mochila estraçalhada conter algum artefato explosivo. Pura palhaçada que convocou a polícia com uma parafernália de primeiro mundo. Quando você presenciou espetáculo tão hilário?

Pois é assim que está nosso país, num clima de medo, com a polícia fazendo varredura no entorno de hotéis, locais de evento. Ora, senhores, onde foram parar nosso direito de ir e vir, nosso direito de expor nosso pensamento? Por outro lado, já vazaram rusgas dentro do partido eleito, o que vai dar um pouco de dor de cabeça ao nine. É muita gente para cargos cobiçados.

Como eu disse no começo deste esboço de artigo, não sei o que nos espera o futuro. Muitos não estão convictos de que o silêncio do presidente Bolsonaro seja uma maneira de comportar-se como um anjo. Já outros estão convictos de que tudo terminou aqui e o jeito é esperar o congresso agir, para ver como caminhará a política, daqui para frente. Muitos — e não são poucos — estão explodindo de ira ao tomar conhecimento de que nem bem esperaram tomar posse e, na calada da noite, já deram uma sangria no tesouro, subindo estratosfericamente seus próprios salários. Golpe de mestre? Estava tudo preparado? E se estão tão bem aparelhados assim, o que poderia acontecer se numa hipótese houvesse um entrevero, isto é, mais do que uma simples confusão entre as duas forças opostas?

Tudo poderá acontecer. Se tudo continuar dentro desse compasso de espera e o nine tomar posse, ele que tome cuidado porque o povo está atento. Caso ocorra o que muitos esperam, isto é, uma convulsão popular, que tudo volte ao normal o mais depressa possível, com as pessoas certas nos lugares certos. E que ninguém ouse dar uma canetada na Constituição roubando-nos a liberdade e pisoteando a democracia.

Dra. Maria da Glória De Rosa

Pedagoga, Jornalista, Advogada

Profª. assistente doutora aposentada da UNESP

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