O movimento Maio Amarelo nasceu em 2014 e fomenta uma ação coordenada entre o Poder Público, iniciativa privada e sociedade civil para discutir o tema segurança viária, com o objetivo de reduzir o número de acidentes no trânsito. O Brasil ainda é um dos países com maior número de mortes (estima-se em torno de 30.000 óbitos anuais) e grande parte delas está associada à imprudência dos motoristas.
A pandemia do COVID 19 também está relacionada à elevação desse índice. Esperava-se que, com a adoção das aulas e trabalhos remotos, houvesse queda no número de acidentes, porém ocorreu o contrário, devido ao grande tráfego de motociclistas (naturalmente mais vulneráveis aos acidentes) e veículos de carga. A falta de leitos hospitalares causada pela doença também contribuiu para isso.
Além disso, a diminuição de veículos deixou as ruas e avenidas livres, estimulando, assim, o excesso de velocidade. Cidades maiores, como Campinas, Salvador e São Paulo tiveram aumento no número de infrações dessa natureza. E o adiamento dos prazos de recebimento dessas penalidades reforça a sensação de falta de vigilância.
Soma-se ao fato de que o descumprimento das regras de trânsito deveria ser uma exceção. E há vários atores envolvidos nisso, como o motorista, o pedestre e o próprio Poder Público.
As crianças nos Estados Unidos, desde os primeiros anos escolares, já possuem aulas de educação no trânsito. Então, precocemente as crianças desenvolvem o senso de responsabilidade e passam a cumprir as regras de circulação. Aqui no Brasil nós não as possuímos, apesar do Código Brasileiro de Trânsito já fazer essa previsão. As escolas que fazem, realizam por iniciativa própria.
Os pedestres e ciclistas também precisam conscientizar-se de que fazem parte do trânsito. Atravessar na faixa de pedestres, utilizar passarelas, respeitar os semáforos e pedalar próximo ao meio fio (além da utilização dos equipamentos de segurança) são atitudes simples que contribuem para diminuir as ocorrências viárias
E o Poder Público também precisa fazer a sua contribuição através da vigilância de todos (motoristas, pedestres e ciclistas), do planejamento das vias e do estímulo ao uso dos transportes coletivos.
A segurança no trânsito é responsabilidade de todos. Os acidentes ocorrem devido a uma conjunção de fatores, na qual várias partes estão envolvidas. Não é possível responsabilizar apenas um ou outro. A direção defensiva deve ser estimulada em todas as escolas e autoescolas do país pois todos são responsáveis por um trânsito seguro. E o tráfego seguro é um dos pilares para sermos um país desenvolvido.
Um grande abraço a todos.
Dr Eli Roberto Garcia Filho
CRM-SP 104.828.
Alergologista pediatra,
RQE 66080/660801