Saiba o que é o Transtorno de Borderline

Por Jornal Cidade de Agudos em 30/04/2022 às 00:23:52

Essa síndrome se caracteriza pela presença de sentimentos e comportamentos extremos, que podem se alterar de uma hora para outra.

Muitas de suas características se confundem com o transtorno bipolar, o que pode dificultar ainda mais o seu devido tratamento (que já é bastante desafiador).

Ter clareza sobre as particularidades da condição é fundamental para reconhecê-la e combatê-la da maneira correta, já que seus riscos vão desde a autossabotagem até o suicídio.

A seguir, entenda melhor as características do borderline, seus principais tipos, diferenças para a bipolaridade, sintomas, causas, tratamentos e muito mais.

O que é borderline?

Uma boa maneira de entender o que é síndrome de borderline se dá por meio da tradução do termo, que vem da língua inglesa e se refere a algo que é "limítrofe".

Assim, a pessoa com borderline pode ir de uma imensa euforia a um sentimento intenso de raiva, depressão ou ansiedade.

Já a duração dos episódios pode variar de horas a dias, e é justamente essa inconstância que dificulta o correto diagnóstico.

Por falar na detecção do transtorno de borderline, ela é de suma importância, uma vez que ele favorece atitudes autodestrutivas.

Em decorrência da agressividade e imprevisibilidade apresentadas pelos pacientes, os tratamentos podem ser extremamente desafiadores – mas são imprescindíveis.

Principais características do transtorno de borderline

Por mais que o borderline tenha sintomas variáveis, algumas características são comuns entre os indivíduos com a síndrome, como:

* Sentimento de insegurança em relação a si e aos outros;

* Sensação de vazio e muita solidão;

* Mudanças severas de humor, que podem perdurar por horas ou dias;

* Flutuação entre depressão, ansiedade e raiva;

* Irritabilidade, que pode gerar comportamentos agressivos;

* Impulsividade, que pode ser associada ao vício em jogos ou drogas, padrões alimentares exagerados, desrespeito às leis, gasto descontrolado de dinheiro etc;

* Pensamentos e possíveis ameaças suicidas;

* Medo excessivo ou irreal de abandono por familiares, parceiros ou amigos;

* Tendência ao distanciamento e relações instáveis;

* Problemas para aceitar críticas;

* Comportamentos irracionais em casos de grande estresse;

* Dependência de outras pessoas para ter estabilidade;

* Receio que as emoções saiam do controle.

Em geral, o distúrbio de borderline é mais comum em indivíduos que cresceram em lares ou ambientes emocionalmente negativos e de afetividade conturbada.

Além de todas as características que citei no item anterior, outros sintomas comportamentais podem apontar a presença da síndrome.

Os principais deles envolvem o excesso de irritabilidade, ansiedade, mal-estar e mudanças de humor, associados à raiva intensa e sem sentido e aos relacionamentos afetivos problemáticos e instáveis.

Também é comum que a personalidade dos pacientes seja "8 ou 80", em que tudo é muito intenso, impulsivo e excessivamente bom ou mau.

Por conta disso, a compulsão por gastos, drogas, sexo, comida e vícios é comum, assim como crises de identidade, autoestima e valores pessoais.

O estresse excessivo ainda pode gerar casos de dissociação e crises temporárias de paranoia, a depender do paciente e do quão grave é a sua situação.

Normalmente, esses sinais começam a aparecer na adolescência ou no começo da vida adulta, sendo que tendem a se estabilizar pela faixa de idade dos 40 anos.

Inclusive, é muito difícil diagnosticar o borderline na adolescência, já que essa é uma fase conturbada na vida das pessoas.

Quando a doença de borderline se torna muito grave, os pensamentos negativos e o excesso de mal-estar sentido pelo paciente podem levá-lo a atitudes extremas.

Borderline tem cura? O que fazer em uma crise?

A síndrome de borderline tecnicamente não tem cura, mas o devido tratamento pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes e lhes ajudar a manter relações saudáveis.

Outro ponto importante é que as manifestações tendem a ser menores com o passar dos anos.

Contudo, as crises de borderline podem ser muito severas, e é preciso que o indivíduo acometido e as pessoas ao redor dele saibam como agir nessas situações.

Quando a pessoa já está em tratamento, o uso dos remédios para borderline receitados pelo psiquiatra é fundamental em situações de crise.

Além disso, o terapeuta responsável pode fornecer atendimento extra, sendo um direito do paciente ter o contato do profissional para solicitar orientações em casos de urgência.

Por sua vez, quando não há tratamento já estabelecido, situações críticas exigem que a pessoa seja levada a um ambulatório psiquiátrico ou pronto-socorro.

Caso exista risco de vida, pode ser solicitada uma internação. Em todos os casos, cabe às pessoas manter a calma para lidar com o caso e prestar a assistência correta.

Como saber se tenho borderline?

Quando existir qualquer suspeita, e você ou alguém próximo note os sintomas que mencionei ao longo do artigo, é indispensável buscar por um diagnóstico especializado.

Nenhum tipo de exame de rotina, seja de imagem ou sangue, tem como saber se o borderline acomete uma pessoa.

Contudo, uma consulta médica junto a um especialista em saúde mental pode determinar o caso, por meio da análise clínica e do histórico do paciente.

Ao psiquiatra ou psicólogo, cabe diferenciar o borderline de outros transtornos mentais, problemas de identidade ou mesmo efeitos de drogas.

Inclusive, como a adolescência é uma fase marcada por conflitos, recomenda-se que os pacientes só tenham o diagnóstico confirmado após um ano de sintomas contínuos.

Rosana Taveira Napoleone

Psicóloga Cognitivo Comportamental

CRP: 06/103931

Consultório: Av. Rui Barbosa, 324 - Centro - Agudos/SP

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