As infecções de vias aéreas superiores (IVAS) são muito comuns no inverno e frequentemente atendemos crianças e adolescentes queixando-se de nariz e garganta irritados, tosse e aumento de secreções respiratórias. A grande maioria concentra-se em pré-escolares com idade menor que cinco anos. Torna-se um ciclo sem fim: a criança mal curou-se de um resfriado e, em poucos dias, adquire novos sintomas gripais, causando absenteísmo escolar e no trabalho de seus tutores. Porém são casos considerados leves e que dificilmente complicar-se-ão se tomarmos os devidos cuidados.
O sistema imunológico das crianças ainda está em fase de desenvolvimento e, portanto, é natural que sua resposta defensiva seja mais intensa frente a um estímulo novo. Isso faz com que ela fabrique anticorpos que irão combater os agentes infecciosos. Imaginem um bebê que sempre estava em casa e inicia sua vida escolar. Lá ele irá se socializar, vai brincar com seus novos amiguinhos e, inevitavelmente, terá contato com diversos patógenos no ambiente. Obviamente irá adoecer, causando grande angústia nos cuidadores. Mas a grande maioria dessas infecções atinge as vias aéreas superiores, necessitando apenas de medicações sintomáticas. Duram em torno de cinco a sete dias e a criança volta para a escola sem sequelas. Ao voltar para a instituição de ensino, pode contaminar-se com novos micróbios, repetindo o quadro.
Porém, cada vez que temos contato com patógenos diferentes ocorre uma nova resposta imunológica, levando à produção de novos anticorpos. Trata-se de uma fase passageira, importante para o desenvolvimento da imunidade protetora e duradoura no futuro. Muitos pais optam por retirar os filhos da escola, porém tivemos a experiência do ano passado, quando vários pré-escolares deixaram de frequentar o maternal. E adivinhem o que aconteceu? Continuaram a ficar doentes, pois os cuidadores também transmitem essas viroses
Para evitar, ou ao menos minimizar, a intensidade das IVAS, há dicas extremamente úteis:
1-Evitar a todo custo o tabagismo! A fumaça do cigarro irrita as vias aéreas das crianças, facilitando a entrada de vírus e bactérias no sistema respiratório, causando bronquites, bronquiolites e sinusites, tornando mais fácil a evolução para pneumonias graves;
2-Manter a caderneta de vacinação atualizada. Dessa maneira as infecções virais dificilmente progredirão para doenças graves como pneumonias e meningites;
3-Evitar varrer a casa e usar apenas pano úmido na limpeza, para evitar que os ácaros fiquem em suspensão no ar, diminuindo, assim, o risco de crises de asma e rinites alérgicas;
4-Manter os hábitos saudáveis de vida como ingestão de frutas cítricas, aumento do volume de líquidos e realização de atividades físicas ao ar livre
5-Uso de máscaras e álcool gel em casa se houver algum cuidador doente.
6-Sempre lavar as mãos (antes e após ir ao banheiro, antes das refeições, após chegar da rua );
Também é necessário estimular o aleitamento materno até os dois anos de vida. Está mais do que provado que a criança que mama no peito fica menos doente e, quando pega alguma infecção, recupera-se bem mais rápido que os não amamentados. Agosto é o mês da Semana Mundial da Amamentação, tema importantíssimo que será abordado com mais detalhes nas próximas publicações.
São dicas muito valiosas que, ao menos, irão minimizar a intensidade das IVAS. Deixem as crianças brincarem e serem felizes. Na dúvida, sempre conversem com seus médicos de confiança.
Um grande abraço a todos