Procrastinar (Deixar para depois ou não realizar algo) Não é preguiça, é um problema emocional.

Por Jornal Cidade de Agudos em 22/10/2022 às 21:14:18

Para podermos entender a procrastinação, precisamos primeiro conceituar a regulação emocional. Trata-se da habilidade de gerenciar e lidar com as emoções, especialmente a expressão destas emoções. Não podemos controlar o que sentimos, mas certamente podemos escolher o que vamos fazer com essas emoções.

Ao sentir tristeza, é comum a vontade de chorar. Ao sentir raiva, a vontade de gritar. Entretanto, sabemos que essas opções nem sempre são socialmente aceitáveis, então o que costumamos fazer é tentar reprimir essas reações naturais e expressar o que sentimos de outras formas.


Algumas dessas formas são saudáveis, enquanto outras não são. Por exemplo, sentir-se triste e desabafar com amigos é uma forma saudável de lidar com a emoção. Já ingerir álcool para tentar "afogar as mágoas", além de não ser efetivo, pode causar muitos prejuízos a longo e curto prazo.

Regulação emocional e procrastinação

Sabendo que regulação emocional é a capacidade de lidar com as nossas emoções, é possível entender como isso influencia na procrastinação.

Algumas tarefas são chatas de fazer, não é mesmo? Atualmente, com a possibilidade de assistir sua série favorita em poucos cliques, é comum pensarmos "lavar a louça é muito chato, acho que vou assistir um episódio de alguma série e depois, quando estiver me sentindo melhor, faço isso".

Assistir ao episódio certamente trará emoções agradáveis, e a pessoa pode se sentir renovada e pronta para fazer o que precisa ser feito. No entanto, só de pensar na tarefa aversiva (que causa mal estar) novamente, seu humor muda e se torna desagradável. Para combater isso, a pessoa se envolve em atividades prazerosas novamente, tornando a procrastinação um círculo vicioso.

É claro que a tarefa aversiva varia de pessoa para pessoa. Para algumas pessoas, lavar a louça é terapêutico. Para outras, é um pesadelo. No entanto, até mesmo tarefas que gostamos de fazer podem se tornar aversivas em determinados contextos.

É o caso do estudante de graduação, por exemplo, que ama seu curso e as disciplinas que faz. No entanto, os trabalhos e estudos raramente podem ser feitos exatamente da maneira que queremos: frequentemente, o estudante se depara com uma série de limitações na hora de fazer seus trabalhos, tornando a atividade não prazerosa e, portanto, aversiva. Assim, mesmo se tratando de algo que o estudante gosta, ele procrastina.

Em suma, pode-se dizer que o que torna uma tarefa aversiva é algo muito subjetivo e pessoal. No entanto, a procrastinação costuma estar relacionada à produtividade, pois são tarefas que precisam ser feitas, independente da vontade do indivíduo.

Procrastinação e saúde mental

A regulação emocional é um processo importante para auxiliar na manutenção da saúde mental. Diversos transtornos acabam prejudicando esse processo, como é o caso do transtorno depressivo e transtornos de ansiedade. Sendo assim, a procrastinação pode ser vista, muitas vezes, como um sintoma de alguns transtornos.

Para uma pessoa com depressão, qualquer tipo de tarefa pode se tornar uma fonte de desprazer, até mesmo tarefas básicas como cuidar de si mesmo. Sintomas como baixa autoestima e autoconfiança podem tornar qualquer coisa desagradável. Além disso, é comum que pessoas com depressão sabotem suas próprias tarefas (fenômeno conhecido como autossabotagem), gerando resultados negativos que contribuem tanto para o mal estar de realizar a tarefa quanto para a manutenção de sentimentos de baixa autoestima.

Para pessoas com ansiedade, é comum pensar demais sobre as tarefas, o que também aumenta a sensação de mal estar, fazendo com que a procrastinação se torne algo frequente. Por outro lado, procrastinar apenas aumenta os níveis de ansiedade, visto que a pessoa pode continuar pensando demasiadamente na tarefa mesmo que esteja fazendo outra coisa.

Sabendo que a procrastinação pode estar relacionada a um transtorno mental, é de extrema importância procurar ajuda assim que perceber que há outros sintomas além do adiamento de tarefas. Tratar o transtorno poderá auxiliar não apenas com esses sintomas, mas também na produtividade.

Rosana Taveira Napoleone

Psicóloga Cognitivo Comportamental

CRP: 06/103931

Consultório: Av. Rui Barbosa, 324 - Centro - Agudos/SP

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