O Final do Ano chega e todas as pessoas param para fazerem um balanço do ano que termina e passam a fazer planos para o Ano Novo. Contudo, algumas pessoas acabam desenvolvendo a Síndrome do Final de Ano, um fenômeno que tem como consequência aumento dos casos de estresse, ansiedade e depressão entre o fim de novembro até o último dia de dezembro – a condição também é chamada de dezembrite.
Os fatores que explicam a chegada de emoções tão pesadas e o aumento da dificuldade de lidar com as adversidades são inúmeros, mas é possível mapear alguns, com base nas demandas adicionais que não existem nos outros meses do ano elencamos alguns fatores:
* Excesso de trabalho e dificuldade de gerir bem o tempo;
* Falta de dinheiro e cobrança por presentes;
* Conflitos em reuniões familiares e comparações com os outros;
* Saudade de pessoas que já faleceram;
* Pressão por felicidade e gratidão;
* Culpa por coisas que não realizamos.
Saiba lidar com a Síndrome do Final de Ano
Apesar de ser quase inevitável algum tipo de ansiedade nessa época, existem algumas dicas que podem ajudar a lidar com a temporada de forma mais tranquila. Culpar-se por tudo que aconteceu durante o ano, por exemplo, prejudica ainda mais a saúde mental, gerando um enorme gasto de energia emocional. Consequentemente, isso afeta as atividades cotidianas, relacionamentos e o bem-estar no geral.
Por isso, é necessário ser grato e ter o hábito de sempre destacar suas conquistas diárias e suas qualidades. A gratidão é um sentimento de reconhecimento por algo bom que trouxe benefícios. Geralmente, quando as pessoas agradecem, as situações fluem de uma maneira melhor.
Adotar práticas que visam o bem-estar e relaxamento também são ótimas alternativas, como meditação e yoga. Através dos exercícios de respiração, o nível de estresse e sintomas da ansiedade e depressão podem ser reduzidos.
Reflita e ressignifique as coisas
Já passou pela sua cabeça que, talvez o fato de não ter concretizado aquele plano que queria é consequência de você ainda não estar preparado? Ou, ainda, da possibilidade de você não aproveitar os frutos dele como gostaria? Por isso, substitua a culpa por "responsa-habilidade" (a habilidade para responder diferente numa próxima vez). Mas se você chegar à conclusão de que faltou força de vontade, reflita se o que você almeja é algo que você genuinamente deseja, ou se está fazendo isso por expectativa dos outros ou convenções sociais.
Diminua a expectativa em relação ao outro
Todo ano a história se repete. O "tio do pavê" vai contar suas piadinhas sem graça, os parentes vão surgir com perguntas inconvenientes do tipo "e aí, está namorando?" – e nem sempre essas pessoas fazem isso por mal. Às vezes, é apenas a forma de elas demonstrarem interesse ou quererem participar de sua vida, embora não saibam fazer isso com responsabilidade afetiva. Então, ao invés de querer mudar o outro e criar expectativas, que tal trabalhar com sua reação a estas adversidades? Sugiro que você pense em estratégias para te ajudar neste momento: deixe claro seus limites (a comunicação não-violenta é sua aliada nessas horas), diga Não e evite discussões desnecessárias. Por fim, respire fundo e saiba que isso vai passar.
Presente não é moeda de troca de afeto
Trocar presentes no final do ano é algo comum, todavia, em nome desta tradição, muitos gastam mais do que deveriam. Logo, tenha em mente que o valor do seu presente não representa o valor do seu sentimento pela pessoa. Saiba que o valor do presente não é proporcional ao tanto de afeto que você sente por ela. Além disso, não é demérito você estar passando por dificuldades financeiras e, por conta disso, não conseguir presentear as pessoas (ou a si mesmo) como gostaria. Portanto, faça um planejamento financeiro e assuma compromissos apenas com aquilo que vai caber no seu orçamento.
Ressalto que é perfeitamente normal sentir-se mais triste, ansioso ou estressado neste período. Contudo, tome cuidado para não aliviar o sofrimento através de comportamentos "escapistas", como comprar compulsivamente, comer demais ou exagerar na bebida. Tenha um olhar generoso e compassivo com os sentimentos, acolhendo-os ao invés de negá-los. Este é o começo do caminho.
Rosana Taveira Napoleone
Psicóloga Cognitivo Comportamental
CRP: 06/103931
Consultório: Av. Rui Barbosa, 324 - Centro - Agudos/SP