De forma resumida, um transtorno de personalidade pode ser descrito como um jeito de ser, de sentir, se perceber e se relacionar com os outros que foge do padrão considerado "normal" ou saudável. Ou seja, causa sofrimento para a própria pessoa e/ou para os outros. Enquadrar um indivíduo em uma categoria não é fácil --cada pessoa é um universo, com características próprias.
Os transtornos de personalidade costumam ser divididos em três principais grupos, ou espectros. Segundo essa classificação, o borderline está no espectro B, que reúne aqueles sujeitos que costumam ser chamados de "complicados", "difíceis", "dramáticos" ou "imprevisíveis".
Nesse grupo B estão, ainda, os narcisistas, os histriônicos e os antissociais. No grupo A estão os esquizoides, os esquizotípicos e os paranoides, muitas vezes taxados de "frios", "esquisitões" ou "com mania de perseguição". E no C estão os evitativos, os dependentes e os obsessivo-compulsivos (não confundir com o transtorno psiquiátrico), também vistos como "medrosos ou ansiosos", "frágeis" ou "certinhos demais", respectivamente.
O diagnóstico é bem mais frequente entre as mulheres, mas estudos sugerem que a incidência seja igual em ambos os sexos. O que acontece é que elas tendem a pedir mais socorro, enquanto os homens são mais propensos a se meter em encrencas, ir para a cadeia, por não conseguirem controlar os impulsos.
Sintomas do borderline
Veja, a seguir, as principais características, também consideradas critérios de diagnóstico para o transtorno, e como eles se traduzem no dia a dia de um borderline:
Esforços desesperados para evitar o abandono (real ou imaginado): não é preciso dizer que o fim de um namoro ou casamento pode deflagrar uma crise. Mas mesmo situações corriqueiras, como o atraso do terapeuta ou o cancelamento de um encontro, podem ser interpretadas como sinal de rejeição."Padrão de relacionamentos instáveis e intensos, caracterizados pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização: é o típico "tudo ou nada", "amo ou odeio". O outro tem que ser perfeito e se errar, passa a ser depreciado. Assim, ao desmarcar uma consulta, o "melhor psiquiatra do mundo" se transforma em "lixo" e a mãe, que foi sempre um porto seguro, deixa de ser procurada, porque não atendeu a um capricho, só para citar alguns exemplos. Também é comum o "border" ficar íntimo rapidamente de alguém, alimentar um monte de expectativas e, logo depois, cair em frustração.
Como é feito o diagnóstico?
Não existem exames de sangue ou de imagem que permitam o diagnóstico. O indivíduo deve ser avaliado por um profissional de saúde mental qualificado, que irá analisar seu histórico e sintomas. É importante saber diferenciar o borderline de outras condições, como transtornos mentais, efeitos de drogas ou mesmo problemas de identidade, comuns na adolescência. Nos pacientes mais jovens, a recomendação é que o diagnóstico só seja fechado após um ano com sintomas estáveis.
Rosana Taveira
Psicóloga Cognitivo Comportamental
CRP: 06/103931
(14) 99178-7009