Nas últimas semanas, acompanhamos com preocupação a polêmica envolvendo a ação do Ministério Público contra a Comunidade Canção Nova. Diante disso, muitos fiéis — católicos e até mesmo irmãos de outras denominações cristãs — uniram-se em defesa não apenas da comunidade, mas da liberdade religiosa que sustenta todos os que professam a fé em Jesus Cristo. Esse apoio revela um entendimento profundo: quando uma instituição cristã é atacada, toda a Igreja é ameaçada.
No entanto, o que mais entristece o coração é testemunhar católicos que, movidos por divergências de carisma ou metodologia pastoral, celebram essa investida contra a Canção Nova. É urgente refletirmos: será justo condenar uma comunidade porque sua vocação não se alinha perfeitamente com nossas preferências pessoais? Será cristão alegrar-se com a dor de irmãos que dedicam suas vidas a anunciar o Evangelho?
A Canção Nova, inspirada no mandato de Jesus — "Ide e pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16,15) —, tem sido instrumento de transformação incontestável. No último ano, mais de 250 mil jovens reuniram-se em um único dia, buscando encontro com Deus. Na Quaresma, as meditações do Frei Gilson atraíram 700 mil pessoas às 4h da madrugada, provando que a sede pela Palavra transcende horários e conveniências. Quantas famílias restauradas, quantas vidas convertidas, quantos corações reacenderam a chama da fé graças a esse trabalho?
Além da evangelização, a comunidade sustenta obras sociais que dignificam os mais pobres. Aos que criticam, convidamos: visitem Cachoeira Paulista. Vejam de perto os projetos que alimentam, educam e acolhem os marginalizados. Antes de julgar, perguntem-se: qual é a minha contribuição para o Reino? Criticar é fácil; construir, porém, exige amor e entrega.
Há quem afirme que a tradição é um peso. Mas, sem as raízes que nos ligam aos apóstolos, aos santos e aos mártires, como manteríamos viva a identidade da Igreja? A perseguição religiosa nunca começa com estrondo — inicia-se com a divisão entre irmãos. Recordemos o que ocorreu na Nicarágua, onde a desunião e o sectarismo abriram portas para a opressão à Igreja. Não repitamos esse erro.
Aos que se incomodam com a Canção Nova, deixemos claro: a Igreja não é um campo de batalha ideológica. Ela é Corpo de Cristo, diverso em dons, mas uno em missão. Progressistas ou tradicionalistas, todos somos chamados ao mesmo amor. Se uma comunidade prega a verdade com caridade e frutifica em obras, quem somos nós para duvidar de sua autenticidade?
Irmãos, estejamos alerta. A perseguição ao cristianismo não virá apenas de fora — ela se alimenta da intolerância entre nós. Que Nossa Senhora, modelo de unidade, nos ensine a respeitar os diferentes carismas e a celebrar, juntos, a vitória da Cruz. Rezemos pela Canção Nova, pela Igreja e por todos aqueles que, em meio às tempestades, mantêm-se fiéis ao mandamento maior:
Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei" (Jo 13,34).
Paz em Cristo, "Paulo Corrêa"P.S.:Sejamos sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14). Antes de compartilhar críticas, busquemos a verdade. Antes de condenar, oremos. A Igreja precisa de união, não de divisão.