Em um mundo de conexões superficiais e debates inflamados, um fenômeno rompeu barreiras no escuro da madrugada: o rosário das 4h da manhã, conduzido pelo carismático Frei Gilson. O religioso brasileiro, que começou com transmissões humildes, hoje reúne mais de 1,5 milhão de pessoas por live, em uma corrente que transcende denominações cristãs e até fronteiras nacionais. O que seria apenas uma prática de devoção tornou-se um movimento global — e um caso emblemático de como a cultura do cancelamento, ironicamente, pode amplificar vozes que tenta calar. ""O Rosário que conquistou o Mundo Digital
Frei Gilson abraçou as redes sociais para revitalizar uma tradição milenar. O horário das 4h, inicialmente visto como excêntrico, transformou-se em um símbolo de sacrifício coletivo, atraindo tanto católicos quanto evangélicos, unidos pela devoção a Maria e pela busca de um refúgio espiritual. Durante a pandemia, suas transmissões explodiram: de grupos locais, saltaram para plateias globais, com participações ao vivo de fiéis em países como Filipinas, Angola e Itália. Hoje, as lives batem recordes diários, com picos de 1,5 milhão de conexões simultâneas, enquanto os replays acumulam milhões de visualizações.
O Cancelamento que Virou Combustível "A viralização, porém, despertou reações ácidas. No segundo dia do Rosario na quaresma, quando mais de um milhão de parelhos conectados ao vivo, grupos da extrema esquerda iniciaram uma campanha nas redes para deslegitimar o frei, acusando-o de "discriminação" — uma distorção de suas pregações, nas quais ele reafirma o amor à comunidade LGBTQIA+, seguindo a doutrina católica de "amar o pecador, mas rejeitar o pecado".
Não podemos odiar pessoas, mas também não podemos calar a verdade do Evangelho", declarou ele, em resposta às críticas.
O ataque, porém, teve efeito inverso. No mesmo dia em que as hashtags de cancelamento viralizaram, o número de espectadores das lives triplicou, saltando de 500 mil para 1,5 milhão em 24 horas. Nas redes, fiéis organizaram uma "contra-ofensiva": perfis católicos e evangélicos publicaram vídeos de apoio, e o Instagram de Frei Gilson registrou 80 mil novos seguidores em um único dia — muitos deles jovens, que admitiram ter ido "conferir o alvoroço" e acabaram permanecendo pela atmosfera de paz.
Por Que o Rosário das 4h Resiste (e Cresce)?
Especialistas apontam três fatores:
1. União além das divisões: A convergência entre católicos e evangélicos, historicamente divididos, mostra que símbolos como o rosário podem ser *pontes*, não muros.
2. Resposta à cultura do cancelamento: A tentativa de silenciá-lo fortaleceu a percepção de "perseguição à fé", mobilizando fiéis em defesa da liberdade religiosa.
3. Fome de autenticidade: Em um mundo digitalizado, o ritual simples do rosário oferece ordem e sentido — algo que algoritmos não conseguem replicar.
Quando a Madrugada Vira Palco de Esperança "A saga de Frei Gilson não é sobre política, mas sobre resiliência. Suas lives são um lembrete de que, em tempos de polarização, práticas ancestrais podem encontrar novo fôlego — e de que o "cancelamento" muitas vezes fracassa porque subestima o desejo humano por conexão real. Enquanto o relógio marca 4h, milhões sussurram as mesmas orações, em uma sinfonia silenciosa que nenhum algoritmo consegue explicar. Talvez a resposta esteja justamente aí: na simplicidade de um rosário que, nas redes, virou revolução.