PASSADO NÃO É BÚSSOLA

Por Jornal Cidade de Agudos em 20/02/2025 às 10:40:39

Um dos contos mais emblemáticos que ilustra essa ideia é a história da "Medusa" da mitologia grega. Medusa, uma das três Górgonas, era uma bela moça que, após um encontro infeliz com Poseidon no templo de Atena, foi transformada em uma criatura monstruosa, cujo olhar petrificava quem a encarasse. Essa transformação não foi apenas uma punição, mas também uma metáfora poderosa para como o passado pode nos aprisionar. Medusa, fixada em sua nova forma, tornou-se um símbolo da dor e do ressentimento, vivendo isolada em uma caverna, incapaz de olhar para o futuro, pois seu passado a havia marcado de forma indelével. Assim como ela, muitos de nós podemos nos tornar prisioneiros de nossas próprias histórias, paralisados pelo peso de nossas memórias.

Ao longo da vida, muitas vezes nos deparamos com as "Medusas" de nossas experiências. Cada ferida e cada alegria nos moldam, e as lembranças podem ser tanto um abrigo quanto uma cela. Em momentos de celebração, como as festividades de fim de ano, somos frequentemente confrontados por essas memórias que surgem como sombras, trazendo à tona sentimentos de saudade, dor ou até arrependimento. É um convite a revisitar o passado, mas precisamos ter cuidado para que essa visita não se torne uma residência permanente. Assim, é vital reconhecer o que vivemos, mas sem perder de vista a beleza e a vitalidade do presente.

A vida, em sua essência, é um movimento constante, uma dança entre o que fomos e o que podemos nos tornar. Quando nos deixamos levar pelas memórias, perdemos a capacidade de olhar adiante. O poeta Fernando Pessoa já dizia que "tudo vale a pena quando a alma não é pequena". Precisamos nos permitir sentir o que o passado nos traz, mas também precisamos ter a coragem de soltar essas amarras. O presente é um presente, e não devemos deixar que as correntes da história nos impeçam de desfrutar o agora. Ao fazermos isso, encontramos a força para transformar nossas memórias em aprendizado e crescimento.

O que o seu passado nos ensina? Como você pode usar essas lições para iluminar seu caminho? O desafio não é esquecer, mas sim acolher com amor e depois seguir em frente, como um viajante que, após admirar a paisagem, continua sua jornada. Que possamos ser como árvores que, embora tenham raízes profundas, sempre buscam o céu, crescendo e florescendo, sem medo de deixar para trás o que já passou. Afinal, não somos estátuas, mas seres em constante transformação, prontos para escrever novas histórias.

Prazer, sou Vera Lúcia Ravagnani, eu conto histórias e ajudo pessoas a contarem suas próprias histórias em verso ou prosa por meio de cursos de escrita criativa e contoterapia.

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