A notícia correu feito ventania pelos quatro cantos do Brasil: a cantora Bebel Gilberto, filha de João Gilberto e Miúcha, ao fazer um show nos Estados Unidos, recebeu uma bandeira do Brasil da plateia e pisoteou, dançou, sei lá!, o que fez em cima dela. Esse pessoal, a começar pelo João Gilberto, depois passando pela Miúcha e Chico, estão sempre polemizando. Parece que fazem questão de sair nos jornais segurando um cartaz contra alguma coisa. O próprio velho Buarque de Holanda já se fazia notar pela defesa do brasileiro como o "homem cordial", o que deu muito pano pra manga, porque não foi — e nem poderia ter sido — uma expressão de unanimidade nacional. A partir daí, é uma atrás da outra. O Chico também aprontou bastante, principalmente na época da ditadura. A última é essa agora da dona Bebel pisotear em cima da bandeira nacional.
Diga-me uma coisa, se essa gente tem assuntos para tratar com o Bolsonaro não é melhor falar diretamente com ele? O que essa tal de Bebel tem contra a bandeira nacional? Alguém precisa explicar que a bandeira nacional não é a fotinho do Bolsonaro. A bandeira é o símbolo da Pátria. Que ignorância é essa de ficar dançando "Bananeira" em cima da bandeira como se fosse pano de chão? Que mania de politizar tudo? E politizar segundo um viés totalmente particular. O pior é que eles acham que são privilegiados intelectualmente: somente essa família sabe fazer a leitura correta da política, sabe interpretar o sistema e encontrar a maneira adequada para reagir.
Só que dessa vez a dona Bebel exagerou, passou da conta e feriu a sensibilidade do brasileiro que não confunde alhos com bugalhos. E o ato da artista explodiu como uma bomba e acabou deixando muito brasileiro com a palavra atravessada na garganta. Se eu fosse descendente de Rabelais, juro que dirigiria umas palavrinhas mais pesadas para essa menina. Mas, no frigir dos ovos chegamos à conclusão de que é perder tempo. É perder tempo porque daqui a pouco a família está aprontando outra e mais outra e mais outra. Essa gente não para, é belicosa por natureza. Vive aprontando e depois pedindo desculpa, como essa menina está fazendo agora, dizendo que a matéria foi editada e não sei mais que bobagens. Ora, se foi editada, não peça desculpas, processe quem fez maracutaia com sua atitude no palco.
Apesar de toda repercussão, o gesto de Bebel não é crime, é contravenção e pode só dar multa. Pode dar, mas vai ficar por isso mesmo. Outros, como Cazuza, já cuspiram em nossa bandeira, revelando uma atitude de amor e ódio, que quase toda classe artística tem com esse símbolo da Pátria. Bebel já pediu desculpas porque sentiu logo que havia pisado na bandeira e na bola e presenteado, como disse ela mesmo, ""uma extrema direita louca para desfilar seu falso patriotismo". Veja como é fácil virar as ideias, acabar se fazendo de vítima e deixando o papel de vilão para a "extrema direita louca".
Interessante essa situação que nós brasileiros estamos atravessando: a esquerda está de conluio com um candidato a presidente que nem pode sair nas ruas porque é ovacionado com berros de "corrupto", "ladrão", "cachaceiro". Um cara que saiu da cadeia graças a uma trama urdida ardilosamente em cima da lei e que, por isso, nem enfrenta o povão, não participa de reuniões em praças públicas. Graças a ele, e à sua corja, nossos cofres estão vazios e raspados e nossos irmãos passando fome. Ninguém tem olhos para enxergar que a miséria de hoje é fruto da rapinagem de um partido que anda de mãos dadas com ditadores, assassinos e ladrões? Não serei eu quem vai gastar seu latim para convencer essa corja fantasiada com tapa olhos e se fingindo de surda.
Dra. Maria da Glória De Rosa
Pedagoga, Jornalista, Advogada
Profª. assistente doutora aposentada da UNESP