Nosso idioma já assimilou muitas expressões estrangeiras bastante oportunas e que enriqueceram nossa forma de comunicação. Ao lado da conhecida expressão fake News (notícia falsa), savoir-faire (saber fazer com maestria) e tantas outras de origens diversas, existe uma que cai como uma luva atualmente. Trata-se de fair play, duas palavrinhas de origem inglesa, significando modo leal de agir.
Tal expressão ganhou destaque no século XIX principalmente em relação ao esporte britânico. Com o passar do tempo, ganhou espaço em competições internacionais e em eventos esportivos, como, por exemplo, os Jogos Olímpicos. A partir daí, várias federações esportivas passaram a implementar códigos de conduta que enfatizavam o fair play.
Especificamente no futebol, significa dar a mão e ajudar a levantar o adversário caído no gramado; é admitir o erro que beneficiou o oponente; é não ficar pressionando o árbitro e dispor-se a obedecer suas decisões sem aquela irritante importunação, que só faz por atrapalhar o transcorrer da partida e tirar a paciência do espectador, que quer ver o espetáculo. Erradicar pequenos atos de insubordinação e de total descumprimento às regras da partida, que hoje estão muito distante mais dos gramados do que das quadras.
A expressão fair play remete ao respeito não só pelas regras de uma atividade esportiva, mas também pelo outro. É a necessária busca por visão mais ampla de coexistência harmoniosa. Vai além do cumprimento de regras.
Significando também jogo limpo, o conceito antes aplicado só ao futebol hoje estende-se a todo ambiente saudável e enriquecedor. Infelizmente, na atualidade muitos clubes esportivos estão-se envolvendo em falcatruas e deslealdades, favorecidos pelo aumento descontrolado das chamadas "bets" (casas de apostas). Como um rastilho de pólvora, estas estão se alastrando não sei se regrada ou desregradamente. Fato é que, entusiasmados com o volume de dinheiro que tais apostas movimentam, já se admite o envolvimento de muitos jogadores no resultado das partidas. Atolando-se na fraude e na manipulação de resultados, mesmo jogadores profissionais acabam maculando a carreira e deixando para trás um rastro de maus exemplos.
Fair play deve ser entendida mais abrangentemente como um pilar ético norteador da conduta diária do ser humano. Trata-se, como já deixamos claro, de construir um ambiente de respeito mútuo que valoriza o desenvolvimento humano e social, além da performance atlética. Auxilia não apenas a moldar melhores atletas, mas também cidadãos mais conscientes e responsáveis. Será que um dia chegaremos lá?