A figura de Ícaro é bastante conhecida para os amantes da mitologia grega. O pai fabricou asas para ele, que fixou aos ombros; as penas eram coladas com cera. Desobedecendo as ordens do pai, elevou-se muito alto nos ares. O sol derreteu a cera, soltaram-se as penas, e o infeliz tombou no mar.
Esses conjuntos de mitos advertem-nos com exemplos que jamais deveriam ser ignorados. Agora mesmo, nós brasileiros estamos vivendo um momento em que o mandatário da nação, imprudentemente, como Ícaro, desobedecendo princípios comezinhos, está pondo o país à beira da queda que precipitou Ícaro no mar. Gastando mais do que arrecada, está colocando o país num desfiladeiro onde o final previsível é desanimador.
Uma pesquisa do CNT (Confederação Nacional do Transporte) mostrou a queda expressiva que o governo vem experimentando. Segundo dados colhidos entre 7 a 10 de novembro, apenas 35,5% da população aprovam o governo como ótimo ou bom. Isso representa uma queda de 8 pontos percentuais em relação ao início do ano, quando a aprovação era de 42,7%.
O declínio da aprovação tem sido constante desde a posse do novo presidente. O número de brasileiros, que avalia negativamente esse governo, aumentou consideravelmente. Para 30,8% o governo é ruim ou péssimo. Note-se que este é o maior percentual já registrado na série histórica das pesquisas.
Para 32,1% o governo é regular. Para um minguado 12,2% o governo é ótimo. É bom para somente 23,3% e para 9,4% é ruim.
O presidente enfrenta uma crise de opinião pública cada vez mais crítica e com um desafio crescente para reverter essa tendência negativa. Tais dados fornecidos pela CNT falam por si mesmo. E é melhor que seja assim. Ninguém está forçando ou torcendo para uma avaliação negativa do presidente, do partido dele ou algo parecido. São os dados que falam e eles não mentem.
Um governo que gasta mais do que arrecada não pode esperar aprovação de ninguém. E isso é preocupante. Corte de gastos, uma política mais equânime são atitudes que passam muito longe desses que estão no poder. E o pior de tudo é que, por mais que se espere uma atitude louvável para que o carro volte para os trilhos e faça um percurso sem riscos ou sustos, nada disso acontece. Continua-se vivendo nababescamente, fazendo-se gastos descontrolados como se este fosse o país das maravilhas de Alice.
Paralelamente, pessoas diretamente ligadas à imagem do governo continuam dando exemplos de esbanjamento, como é o caso da atual esposa do presidente, ao acreditar que representa "milhares de mulheres", e que suas ações "vão além do âmbito individual", seja lá o que isso signifique. Segundo divulgação da imprensa, ela acaba de receber 15 milhões da Itaipu para cobrir parte do Festival Global Contra a Fome e a Pobreza, a ser realizado de 14 a 16 no Rio de Janeiro. Quantas casas populares poderiam ser construídas com 15 milhões? Tais apoios financeiros através de empresas estatais têm sido uma ocorrência frequente ao longo do terceiro mandato do presidente.
Esses e outros exemplos negativos estão pipocando, como, por exemplo, a concessão de cargos pelo presidente dos Correios a investigados por gestão fraudulenta e improbidade administrativa. Enquanto muitos alegremente dançam e comemoram, outros comemoram e dançam com morbidez. É só atentar para a recente explosão diante do STF acompanhada de preocupante mensagem deixada pelo autor. O que a mensagem quer dizer? O tempo dirá. Uma coisa é certa: o Mar Egeu é tumba histórica para os negligentes.