MAIS UM POUCO SOBRE O COMUNISMO

Por Jornal Cidade de Agudos em 14/09/2023 às 12:44:13

No artigo passado falamos um pouco sobre Soljenitsin, com dados extraídos do livro do próprio autor, Arquipélago Gulag, e referências colhidas em outras obras de peso. Hoje vou relembrar fatos narrados pelo próprio Soljenitsin em sua obra e tenho certeza de que vou deixar muita gente incrédula, tamanha a crueldade, a selvageria posta em prática pelos esquerdistas.

Como escreveu o próprio autor, aquele que recorda o passado perde um olho! Aquele que o esquece perde os dois! O autor afirma que mesmo não tendo nenhuma estatística, não receia expor certos dados. A torrente de 37 e 38 não foi a única nem sequer a principal, mas talvez uma das mais importantes que invadiram os tenebrosos e fedorentos tubos de canalização carcerária.

Antes dela, tinha havido a de 29 e 30, arrastando para a tundra e a taiga 15 milhões de mujiques. Depois houve a torrente de 1944 e 46. A torrente de 37 atingiu e levou ao arquipélago pessoas de alta posição social, com um passado de destaque no Partido e detentores de muita cultura. Lenin, em 1917, exigia que "se esmagassem sem compaixão as veleidades de anarquia, dos rufiões, dos contras revolucionários e outros personagens." Em "Como organizar a emulação" (1918) proclamou "a limpeza da terra russa de todos e quaisquer insetos nocivos". Por "insetos", entendia todos os elementos estranhos pela sua classe e também "os operários negligentes no trabalho". Previa diversas formas de limpeza dos insetos: prendê-los, pô-los a limpar latrinas, "fuzilar os parasitas", escolher entre a prisão e os trabalhos forçados.

Certamente sob a presidência de Lenin foi proposto que se tomasse como reféns os camponeses de todos aqueles lugares em que a limpeza da neve nos caminhos de ferro "se realizava de forma insatisfatória sob pena de serem fuzilados". O decreto do Conselho dos Comissários do Povo, assinado por Lenin em 22 de agosto de 1918 dizia:

Os culpados de vendas, açambarcamento ou armazenamento para fins comerciais de gêneros alimentícios monopolizados pela República serão punidos com a privação da liberdade por um prazo não inferior a dez anos, seguidos de trabalhos forçados pesados e confisco de todos os seus bens.

Em 1920, houve um esmagamento da insurreição dos camponeses de Tabov. A maior parte foi presa e nessa província abriram-se campos de concentração. Em 1921, a ordem número 10 mandava "intensificar a repressão contra a burguesia! Agora que a guerra civil acabou não afrouxar a repressão, mas intensificá-la". No verão de 21 foi detido o Comitê Social de Ajuda ás Vítimas da Fome porque essas mãos que davam de comer não eram apropriadas para vir em ajuda dos famintos. Em 1921, já se efetuavam prisões de estudantes por críticas ao regime, não em público, mas em conversa com outros colegas. Em 1922, a Comissão Extraordinária para a Luta Contra-Revolução e Especulação interveio nos assuntos religiosos. Faltava levar a cabo a "Revolução Eclesiástica". Os sacerdotes passaram a ser parte obrigatória de levas anuais de prisioneiros.

Ao limpar as grandes cidades para as sociedades puras, misturaram freiras com prostitutas. Estas não estavam impedidas de ganhar a vida com os chefes e os soldados da escolta. As prostitutas foram enviadas a uma cidade da qual regressaram ao ponto de partida após três anos. Quanto às religiosas, foi-lhes vedada a possibilidade de regressar às suas crianças e à sua terá natal.

Apresentamos, extraídos do Arquipélago Gulag, poucos pontos desse socialismo calcado em restrições infames, algumas até bisonhas, ridículas, porém injetadas de ódio, sede de vingança, tortura e autoritarismo massacrante. Isso, leitor, é o que se pode esperar de ideologias ditatoriais, materialistas, sem compaixão pelo ser humano. Pretendemos, sim, oportunamente voltar ao assunto, dando muito mais informes sobre esse esquerdismo desprezível, defendido por muitos que ignoram o assunto.

Ainda temos muitas atrocidades nesse baú de horrores para expor aos leitores.

Dra. Maria da Glória De Rosa
Pedagoga, Jornalista, Advogada
Profª. assistente doutora aposentada da UNESP
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