EM QUEM PODEMOS CONFIAR

Por Jornal Cidade de Agudos em 12/12/2024 às 11:21:03

Não existem regras claras que determinem em quem podemos confiar. A confiabilidade é subjetiva e está sujeita a enganos. Procure ser sempre mais cuidadoso e mais observador. Caso contrário, você poderá ser ludibriado. Não conheço ninguém que nunca tenha sido enganado. As pessoas que não merecem nossa confiança não trazem um rótulo na face nem usam roupas especiais. Sendo assim, elas podem nos enganar por muitos anos.

Em primeiro lugar, acredite, existem pessoas nas quais nunca poderemos acreditar. Usei a palavra "nunca" e é isso mesmo. Há pessoas que não possuem sentimento nobres, por isso deverão ser excluídas para sempre de nosso convívio. A prevalência de transtornos de personalidade ou de psicopatia é de cerca de 3% em homens e 1% em mulheres. Imagine, para exemplo, um Maracanã lotado com 80 mil pessoas: ali podem estar cerca de três mil psicopatas. A cada 100 pessoas que transitam pelas ruas, três ou quatro delas cometerão erros graves ou irão em direção à próxima vítima.

Uma dose de decência ou boa conduta, no entanto, pode ser encontrada em quase 96% das pessoas. Mas, se a grande maioria da população é razoavelmente boa, por que o mundo nos assusta tanto? Como explicar tanta maldade, violência, corrupção, atentados? A mão do homem encontra-se por trás desses acontecimentos, que se agravam devido a ação dos psicopatas e de outros que, sem desenvolver plenamente a psicopatia, adotam uma forma danosa de se relacionar. A "cultura da esperteza" contribui para esse cenário. Infelizmente, nossa sociedade banaliza o mal, criando terreno propício para as "pessoas do mal" sentirem-se à vontade no exercício de suas atividades destrutivas. Precisamos rever nossos conceitos sobre a vida em sociedade e cultivar um senso de consciência rigoroso que assegure uma qualidade de vida digna. Jamais fechar os olhos a pequenos deslizes, escorregadelas morais tanto dos outros como nossas. É isso mesmo! Hoje você não avisa o dono da quitanda que ele se esqueceu de cobrar pelas maçãs, amanhã você fica com o troco a mais recebido no supermercado. Uma coisinha aqui, outra ali, vamos passando por cima de atos que parecem sem importância. Assim, vamos tornando a própria consciência mais porosa, mais permissiva.

As pessoas que possuem consciência genuína são incapazes de roubar, matar, estuprar, torturar. Pessoas dignas nunca irão enganar alguém, dar golpe em seu parceiro afetivo, ou seja lá em quem for. São comuns no nosso cotidiano comentários de que um sócio acabou com uma empresa; uma mãe largou o filho numa lixeira; um político envolveu-se em transações fraudulentas. Tais fatos nos chocam, mas eles não são provenientes de uma natureza normal. De maneira nenhuma, os horrores que lemos nos jornais, vemos na televisão ou às vezes sentimos em nossas próprias vidas refletem a humanidade típica. Tais ações só são possíveis de serem realizadas por uma consciência fria e fora do normal.

Um alerta a você que é "do bem": quando tiver que decidir em quem confiar, tenha em mente que essas pessoas sem consciência são ardilosas e não merecem nossa compaixão. Utilizam-se dos sentimentos alheios para manipular e controlar. Não caia nessa! Tornam-se muitíssimo poderosas quando conseguem despertar piedade. Não são indivíduos com quem você deva ter amizade, relacionamentos afetivos, dividir segredos, confiar seus bens, seus filhos nem sequer oferecer abrigo!

Cuidado com os ardis que vêm aos montes na internet. Cuidado com amizades relâmpago que parecem dadiva do céu. Os embustes estão em toda parte, travestidos de presente de papai Noel. Abra o olho, não seja ingênuo.

Dra. Maria da Glória De Rosa
Pedagoga, Jornalista, Advogada
Profª. assistente doutora aposentada da UNESP
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