Aproveitando que ainda estamos no mês da campanha nacional de vacinação, hoje vamos falar sobre a imunoterapia específica, também conhecida como "vacinas antialérgicas".
Trata-se um dos métodos mais antigos para tratamento das alergias, utilizado há mais de cem anos e reconhecido pelas instituições médicas nacionais (Conselho Federal de Medicina e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia) e internacionais (Organização Mundial para Alergia, Associação Americana de Alergia e Imunologia, Associação Europeia de Alergia e Imunologia, dentre outras). Essas vacinas atuam de maneira idêntica àquelas que previnem doenças infecciosas, ou seja, produzindo anticorpos protetores contra as substâncias envolvidas na resposta alérgica, diminuindo a intensidade dela com o decorrer do tempo.
A dessensibilização deve ser feita de maneira contínua para que o organismo não interrompa a produção de anticorpos protetores. Ao contrário daquelas vacinas contra vírus e bactérias, cujas doses são fixas, nessa nós iniciamos com uma dose baixa, sendo aumentada progressivamente. Os efeitos ocorrem aos poucos conforme as vacinas são aplicadas, observando-se uma redução gradual dos sintomas. Dividimos em duas fases: na primeira fase (indução, com tempo de quatro a cinco meses) nós vamos aumentando gradualmente a concentração das vacinas. Na segunda fase (manutenção, estendendo-se por três a cinco anos) o paciente já está na concentração máxima de antígenos.
Para ser elegível ao tratamento com imunoterapia é necessário comprovar o diagnóstico de uma alergia específica a um antígeno (ácaros da poeira, por exemplo) junto com a história clinica, relacionando seus sintomas com a exposição a esse alérgeno. A vacina sempre é específica para o antígeno causador da alergia e pode ser administrada por via injetável ou oral (embaixo da língua). As doses e os esquemas de tratamento dependerão da via a ser administrada e da intensidade dos sintomas.
Para realização das vacinas é necessário que o paciente esteja com sua doença controlada. As medicações profiláticas (para asma, rinite, conjuntivite e dermatite) devem estar sendo utilizadas de maneira correta e o paciente livre de sintomas. Não é recomendado iniciar a imunoterapia sem fazer uso das medicações profiláticas.
Importante se faz sempre pesquisar o produtor da vacina. Sua produção deve ser realizada por agentes credenciados na Anvisa e ter padronização ou seja, ter a certeza de que todos os lotes serão fabricados da mesma maneira e seguindo todos os protocolos de segurança.
O tratamento com vacinas é seguro, com baixíssimo risco de reações adversas. Atualmente existem poucas contraindicações ao uso delas. Talvez seja a única maneira que existe para modificar a resposta alérgica com o decorrer do tempo, diminuindo sua intensidade. Cuidar das doenças alérgicas significa melhorar a qualidade de vida.
Fica a dica novamente.
Dr Eli Roberto Garcia Filho, CRM-SP 104.828
Médico alergologista e imunologista pediatra
RQE 66080 e 660801