EM PERSPECTIVA

Por Jornal Cidade de Agudos em 27/12/2024 às 12:10:33

Esse velho hábito de todos os anos fazer retrospecto dos acontecimentos não soa meio cafona? Para que recordar o que passou? Lembrar as mesmas mortes, os mesmos assassinatos, as mesmas tristezas, as mesmas alegrias? Pensei, então, em enfocar os fatos em perspectiva e esperar por melhores dias. Todavia, o prejulgar traz ciladas. Verifiquei que jogar esperanças no futuro é arriscado. E depois de inúmeras tentativas, cai no mesmo ramerrão de sempre e me tornei repetitiva e monótona. Acabei caindo no eterno repeteco-chavão. Que falta de imaginação!

Venha fazer comigo esse exercício de futurologia. Como seria 2025? Não vi outra saída senão imaginar um mesmo ano novo com as mesmas mazelas, os mesmos assassinatos, a corrupção de sempre. No cenário internacional, alguma coisa mudaria? Para ser sincera, penso que não. Putin continuará atacando a Ucrânia, numa guerra fratricida, Israel revidando o Hamas, e aos povos em litígio não restarão muitas opções de dias melhores. Lá nos states, Trump não sossegará enquanto não mandar de volta para casa todos os imigrantes ilegais. Venezuela, Cuba, e outros tantos governos sectários prosseguirão como sempre, fazendo da população um joguete sem direitos e sem justiça.

Aqui no Brasil, o povo terá que se contentar com esse pífio salário-mínimo, insuficiente para pagar sequer a cesta básica. Lula não vai parar de mentir e o povo vai continuar acreditando, nordestinos esperarão em vão por água nas torneiras, enquanto a maioria políticos engordará a olhos vistos com o dinheiro público e os ministros não abdicarão do luxo de suas mansões, pouco se lixando para o povo. A educação não sairá do patamar trágico em que sempre esteve e o nível de pobreza empacará no sempre desacreditado quadro terceiro-mundista.

Os homens continuarão aumentando a taxa de feminicídios, incapazes de engolir a recusa da mulher aos seus galanteios. As mulheres, por sua vez, não descansarão de lutar pela beleza eterna, submetendo-se a repetidos e inúteis procedimentos cirúrgicos.

Em 2025, não vai acontecer nenhum fato fora da curva. Tudo se desenhará como sempre. Serão as mesmas mazelas, os mesmos desatinos. O ser humano, que se vangloria de ser o homo sapiens, repetirá as babaquices de sempre, não aproveitará uma vírgula das lições ensinadas pelos erros do passado e escorregará dezenas de vezes nas mesmas cascas de banana.

O que você espera realmente que aconteça? Que marcianos desçam até este planetinha insosso e, em uma missão diplomática, nos ensinem coisas do arco-da-velha? Ou talvez você aspire um pouco menos e tenha esperança de que os homens se tornem menos arrogantes, mais irmãos e amorosos?

Não, meu amigo leitor. Não se iluda porque nada de novo vai acontecer e a eterna repetição de todas as coisas será a eterna repetição de todos os males. Ainda restará um tempinho para repensar a vida e de fazer de 2025 um ano um pouco menos materialista? Será pedir o impossível? Sinceramente, careço de esperanças. Vou ficar então no menos para não cair em ilusões estéreis. Dê um abraço no seu pai, ou no seu filho, conjugue ao menos uma vez na vida o verbo amar. Tente fazer alguma coisa diferente. Qualquer forma de amor vale a pena. Pense nos anos de vida que você perdeu até agora. Reflita! Humanize-se. E um 2025 menos inútil.

Dra. Maria da Glória De Rosa

Pedagoga, Jornalista, Advogada

Profª. assistente doutora aposentada da UNESP

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