Mas que Natal é esse onde os homens não mais se entendem? Século XXI. Velhas angustias. Por mais que os avanços tecnológicos
Tenham estreitado distâncias, por mais que a medicina tenha perscrutado os mistérios do corpo humano aumentando as possibilidades de uma vida saudável, por mais que a internet tenha criado a ilusão de anônimas intimidades ainda persistem as grandes questões que desde sempre afligem o ser humano. Perduram as mesmas perguntas de milênios: Quem somos nós? De onde viemos? Para onde vamos? O que é essencial para nossa felicidade? Respostas não faltam e a cada instante parecem surgir novos oráculos apregoando suas verdades. A cada dia vendedores de ilusão buscam mentes e corações angustiados que tentam equilíbrio e paz na atribulada vida moderna.
A cada dia as prateleiras das bibliotecas abarrotam-se de livros procurando trazer novidades, tentando encontrar o elixir da longa vida, a pedra filosofal e o mundo continua cada vez mais louco, as pessoas mais desvairadas tentando achar um caminho decente para viver, procurando em novas amizades o caminho certo para uma vida mais calma, mais serena, mais amorosa.
E vem um guru prometendo ter encontrado o caminho para torná-lo mais feliz, para mostrar-lhe a senda da felicidade eterna. Tudo uma panaceia, porque o mundo continua mais hostil, as doenças continuam grassando pelos quatro cantos levando aos montes entes queridos, os homens prosseguem se digladiando, se odiando, se separando em guetos, em facções, em ideologias antagônicas, como sese odiassem e pretendessem se destruir para criar um mundo diferente, ainda mais cheio de ódio do que este em que vivemos.
As academias de ginástica continuam cheias porque o homem se esqueceu da alma mas a preocupação com a estética permanece. As casas mantenedorasda beleza do corpo, da harmonia, da forma, da proporção do organismo, essas estão sempre repletas de pessoas preocupadas com o exterior e esquecidas da essência, do âmago, do interior. O cuidado preventivo com a própria saúde, a preocupação em manter a própria forma física, esses motivos sempre mantiveram o homem em constante atenção, desde antes dos gregos antigos e dos romanos atléticos.
Mas, e o Natal? Acabei me esquecendo dele. É... acho que Machado de Assis tinha razão. Mudou o Natal ou mudamos todos nós? Creio que conseguiríamos viver mais pacificamente neste mundose nossa espiritualidade pudesse brotarnão apenas do movimento de olharmos para nossa aparência, nossa estética, mas também do movimento de olharmos para dentro de nós mesmos e apreciarmos o que nele existe de mais profundo e divino.
Neste Natal procure lembrar-se daquele que morreu por você, por mim, por todos nós e lembre-se de que nem tudo é festa, estampido de champagne, excesso de comida. Que, em meio a tanta algazarra sobre um tempinho para uma oração!
A paz de espírito nada tem a ver com o mundo externo. Estamos aqui apenas para ensinar o Amor. E quando fazemos isso nossas almas cantam e dançam. É apenas quando nos lembramos de que somos seres espirituais que a vida e o amor são a chama eterna.
BOM NATAL PARA TODOS!
Dra. Maria da Glória De Rosa
Pedagoga, Jornalista, Advogada
Profª. assistente doutora aposentada da UNESP