Crianças e jovens atualmente são filhos de uma sociedade de consumo não só de bens materiais, mas de informação. As chamadas redes sociais têm poderosa influência na maneira como essa classe social se comunica e se relaciona. Ainda a pouco, parlamentares dos EEUU procuraram saber o que se vem fazendo para proteger as crianças nas suas plataformas na internet. Não faz muito tempo, Zuckerberg, CEO da Meta, e diretores da Tik Tok, Snaja, X foram interrogados durante quase quatro horas por senadores dos dois partidos americanos, a respeito do material posto em suas plataformas e de sua influência sobre crianças e jovens. Durante audiência no Senado, Zuckenberg pediu desculpas às famílias que disseram sentir-se prejudicadas pelas redes sociais. Pedir desculpas é suficiente?
Chegou-nos às mãos um vídeo de uma senhora, prefeita de Itapema, cidade de Santa Catarina, quase caracterizando um pedido de socorro por nossos jovens. Ela se refere a matéria sobre uma criança de 12 anos, que estaria arquitetando uma chacina numa escola, em Bombinhas, cidade vizinha a Itapema. Para tanto, essa criança, que teria levado um facão para a sua escola, teve a trama descoberta. Como? Foi a FBI que avisou a polícia de Santa Catarina, alertando que essa adolescente estaria mantendo há meses conversas internacionais com neonazistas para organizar o plano de ataque.
O que levou a prefeita de Itapema a gravar esse vídeo foi mostrar o assédio a que nossas crianças estão sujeitas quando ficam horas expostas nas redes sociais. Onde estão esses pais que não percebem o perigo que rondam seus lares? As redes sociais estão dominando a cabeça dessas crianças. Polícia, guarda municipal nas escolas, empresas de segurança, diz a prefeita, não estão sendo suficientes para enfrentar esse tipo de tragédia. Daí o apelo para que pais vigiem seus filhos, mantenham-se a par do que eles fazem, procurem saber o que eles veem nas redes sociais.
É oportuno esse grito de alerta. Para os adolescentes, as redes sociais passaram a ser nova realidade. Os perfis visualizados atraem e são vistos como modelos. Para o adolescente o mundo das telas é o mundo atraente e ideal e o que está fora dele é maçante e chato. Os pais precisam tomar conta dos filhos. Não estamos alertando para que fiquem ao lado do computador, enquanto os filhos teclam. Mas, eles têm a prerrogativa de checar o que os filhos fazem, e protegê-los. Essa conversa de que, vigiando-os, estarão desrespeitando a liberdade dos filhos, é tendência que apareceu por aí na boca de quem desconhece o que é educar. Educar supõe vigilância, sim. Enquanto o adolescente não tem a mente estruturada, precisa de vigilância, de assistência. Não estamos falando de atitudes policialescas, massacrantes. Você deixaria seu filho ainda muito jovem atravessar sozinho uma praça minada, cheia de perigos? Então, por que deixá-lo sozinho na internet?
Educação supõe conversas, esclarecimentos, delimitação de espaços, orientação. Quantos jovens já se machucaram ou até mesmo se mataram por causa das redes sociais! Como dizem oentendidos, ninguém conseguirá se esconder da Amazon... quando estiver navegando na internet, ou lendo mensagens na rede social, os algoritmos vão discretamente monitorá-lo e fazer de você uma presa. Você nem vai saber, mas alguém saberá e isso poderá custar uma vida! O mundo mudou... Como previu George Orwell, em 1984, a televisão nos verá enquanto a estamos vendo.